Guatemala reprime manifestação contra reforma na educação

As manifestações protagonizadas nesta terça-feira (5) pela manhã por estudantes do magistério, em virtude de uma "falsa melhora do sistema educativo", tiveram um desfecho violento em Ciudad de Guatemala. Com a chegada das forças anti-motins da Polícia Nacional Civil, comandadas pelo ministro do Interior, Mauricio López Bonilla, estudantes e policiais se enfrentaram. Pelos menos quatro manifestantes e três policiais saíram feridos.

A manifestação foi organizada após a titular do Ministério de Educação, Cynthia del Águila, anunciar uma reforma na carreira do magistério, que passará de três para cinco anos a formação para a educação primária e pré-primária. A partir de agora serão exigidos dois anos de bacharelado de Ciências e Letras com orientação Educativa e mais três anos em uma carreira técnica em nível universitário.

Os estudantes não aceitam a modificação, pois justificam que ela representará mais gastos para eles e suas famílias, além do que não será possível exercer a profissão até o fim de todos os anos de estudos, situações que poderão reduzir o número de pessoas formadas no magistério.

Após o anúncio desta medida, formou-se um movimento estudantil para rejeitar a imposição e repudiar a tentativa do ministério de suspender o ciclo escolar. Como forma de chamar atenção, os/as estudantes decidiram ocupar os edifícios de estabelecimentos educativos e a Ponte do Incenso, impedindo, por duas horas, o trânsito na região.

Após isso, as forças anti-motins foram acionadas e teve início um enfrentamento violento com abusos por parte da polícia, que perseguiu vários estudantes e se utilizou de bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes responderam jogando paus e pedras. A repressão violenta teve como saldo quatro estudantes e três policiais feridos, todos com traumas na cabeça.

Ante estes atos de desrespeito ao direito de manifestação e violação aos direitos humanos, 15 organizações e movimentos sociais, de mulheres, educação e de DH se manifestaram, por meio de pronunciamento público, criticando a ação arbitrária da polícia sob o comando de Mauricio López Bonilla e manifestando solidariedade com o movimento estudantil.

No pronunciamento, as organizações e movimentos reclamam aos titulares da Procuradoria de Direitos Humanos que compareçam ao Instituto Normal Misto Rafael Aqueche (Inra) para verificar a situação em que os/as estudantes se encontram. Também pedem ao Ministério Público que investigue os fatos e verifique a participação de funcionários públicos na ação. Além de demandarem ao Ministério de Educação que se abra para um processo de diálogo efetivo sobre as reformas na educação e as possibilidades de melhorá-la.

Fonte: Adital