Manifestantes convocam novas marchas no Egito contra candidatos
Organizações que lideraram as revoltas populares contra Hosni Mubarak anunciaram nesta quarta (30) novas mobilizações no Cairo e em cidades do interior do Egito para protestar contra os dois candidatos que disputarão a presidência no segundo turno.
Publicado 30/05/2012 11:29
Ao menos uma dezena de grupos do denominado movimento revolucionário chamaram a pressionar a Corte Constitucional para que ratifique a Lei de Privação de Direitos Políticos, aprovada pelo parlamento e apelada por Ahmed Shafiq, último premiê de Mubarak.
O regulamento tem o propósito de impedir a candidatura a cargos de eleição popular – neste caso a presidência do país – de ex-funcionários do regime deposto em fevereiro de 2011.
Centenas de moradores do Cairo se concentraram na segunda-feira (28) à noite na praça Tahrir e ontem voltaram a marchar em frente à Corte Constitucional e à sede da Comissão Suprema Eleitoral Presidencial (CSEP) contra a participação de Shafiq e do islamista Mohamed Morsy no segundo turno.
Para os manifestantes, é "inaceitável" que um "fulul" (remanecente do anterior governo), como o ex-primeiro-ministro Shafiq, ou um membro da Irmandade Muçulmana (IM), como Morsy, concorram à liderança do país, pois os consideram "inimigos da revolução".
"As eleições foram arranjadas", "não à Shafiq e à Irmandade. A revolução (revolta) está ainda na praça (Tahrir)", foram algumas palavras de ordem ditas ou impressas em cartazes, anunciando um boicote ao segundo turno previsto para junho.
Os manifestantes caminharam do populoso e paupérrimo bairro de Shoubra até a emblemática praça que serviu de ponto de convergência de milhares de egípcios que se levantaram em janeiro do ano passado contra Mubarak, pondo fim a quase 30 anos de mandato.
O chefe da CSEP, Farouk Sultan, anunciou na segunda-feira os resultados definitivos da votação de 23 e 24 de maio, e confirmou que Morsy ficou em primeiro com 25% dos votos e Shafiq em segundo lugar (24%).
Os grupos políticos e sociais, integrados basicamente por jovens, anunciaram mobilizações na próxima sexta-feira para expressar sua insatisfação tanto no Cairo como em Alexandria, enquanto seguidores dos dois candidatos também pretendem demonstrar seu apoio nas ruas.
Na noite de segunda-feira, um grupo de manifestantes queimou a sede de campanha de Shafiq e destruiu sua propaganda eleitoral, ação pela qual a polícia prendeu oito pessoas, enquanto que o ex-candidato presidencial perdedor Amr Moussa criticou a ação por ser "inapropiada".
Durante os protestos em Alexandria, Shafiq e Morsy foram criticados por terem uma postura contrária ou vacilante no início do levante contra Mubarak, e os jovens também consideraram a denúncia do ex-candidato Abdel Moneim Aboul Fotouh de que a votação "não foi honesta".
Enquanto analistas acreditam ser "quase impossível" que o ex-primeiro ministro seja desqualificado devido à Lei de Privação de Direitos Políticos, outros enfatizam que esse passo permitiria inserir no segundo turno eleitoral o esquerdista Hamdeen Sabbahi, que ficou em terceiro.
Fonte: Prensa Latina