Chile: homenagem a Pinochet gera protestos e críticas

A organização de uma homenagem ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990) no próximo dia 10 gerou protestos no país e reações de movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos, assim como protestos no Parlamento.

Pinochet

A ONG Corporação para a Defesa dos Direitos do Povo fez uma manifestação em frente ao Teatro Caupolicán de Santiago, capital chilena, onde o evento deve ocorrer.

Simpatizantes do ex-presidente, que morreu em dezembro de 2006, liderados por seu ex-colaborador Alvaro Corbalan, que atuou no comando de operações da Agência Nacional de Inteligência, anunciaram, na semana passada, a homenagem pública a Pinochet. Corbalan cumpre pena de prisão perpétua por violações aos direitos humanos e crimes contra a humanidade.

A iniciativa dos simpatizantes de Pinochet levou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, partidos de oposição e até integrantes do atual governo a protestar contra a possibilidade de homenagem. Os deputados Fidel Espinoza (do Partido Socialista), William Teillier (Partido Comunista) e Carolina Toha (Partido para a Democracia) criticaram a iniciativa.

“Os mesmos que homenagearam o torturador (Miguel) Krassnoff tiveram a ideia de expor e homenagear o ditador e assassino de nosso povo”, advertiu em um comunicado público a ONG. De acordo com a organização, os idealizadores do ato são ex-militares que querem a liberdade dos ex-repressores detidos por violações aos direitos humanos.

“Em uma democracia madura não se pode aceitar como algo normal que se façam homenagens a ditadores e assassinos como é o caso de Augusto Pinochet. Para o Chile é uma vergonha e um retrocesso para nossa convivência democrática”, afirmou a presidenta do Partido pela Democracia, Carolina Tohá.

Histórico

Os 23 anos em que o Chile viveu sob a ditadura do governo Pinochet é considerado um dos mais sangrentos da história da América Latina. Os casos de mortos e desaparecidos políticos são temas presentes na política nacional. A ex-presidenta chilena Michelle Bachelet, que antecedeu o atual presidente Sebastián Piñera, perdeu o pai que foi assassinado durante a ditadura.

A estimativa de organizações chilenas é que 5 mil pessoas morreram durante o governo Pinochet e cerca de 50 mil foram presas, torturadas e perseguidas por suas convicções políticas. No país, há um museu em homenagem às vítimas da ditadura, na região central de Santiago.

Com agências