Demóstenes apela para Deus e remédios para se livrar da cassação
Com um discurso de poucos mais de 20 minutos, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), tentou se defender no processo de cassação no Conselho de Ética do Senado, onde está sendo julgado. Nesta terça-feira (29), ele fez a sua defesa e apelou para todos os recursos – de estar usando remédios para dormir, de ter perdido os amigos, de ser “vítima da maldade” e ter redescoberto Deus e readquirido a fé. “Devo dizer que vivo o pior momento da minha vida”, afirmou.
Publicado 29/05/2012 12:09
Ele admitiu que tinha relação de amizade com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro sob a acusação de crimes como exploração de jogos ilegais e corrupção, mas não deu detalhes sobre como defendia os interesse empresariais do contraventor no Senado. Ao contrário, usou grande parte de sua fala para se autoelogiar pelo seu trabalho legislativo.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), aliado do DEM, ex-partido de Demóstenes, classificou como "missão impossível" a tentativa do senador de se livrar da cassação de mandado, tanto no Conselho de Ética quanto no plenário da Casa.
"É uma missão impossível. Os fatos falam mais alto do que qualquer discurso que ele possa pronunciar no Conselho de Ética. Não creio que ele consiga apresentar algum dado novo que reverta essa expectativa de perda de mandato", afirmou o tucano.
Demóstenes disse ainda que é vítima de uma campanha orquestrada e admitiu que cogitou renunciar a seu mandato.
Calado na CPMI
Conforme procedimento proposto pelo presidente do Conselho de Ética, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), e aprovado pelo colegiado, Demóstenes Torres não teve limitação de tempo para apresentar sua defesa.
Após seu depoimento, foi dada a palavra ao relator Humberto Costa (PT-PE). Em seguida, será a vez dos demais membros do colegiado, que terão 10 minutos cada para formular perguntas. Terão voz ainda os demais senadores, pelo mesmo tempo concedido aos integrantes da comissão.
“Estou inteiramente aberto a confrontar as denúncias com a defesa dele e elaborar um relatório levando em consideração tudo isso”, disse o relator Humberto Costa (PT-PE), em entrevista à Rádio Senado.
O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, adiantou que o parlamentar deve usar os primeiros 20 minutos da sessão para falar sobre sua atuação na vida pública, ficando, a seguir, à disposição para responder perguntas dos colegas. Mas na CPI do cachoeira, onde é esperado na quinta-feira (31), Kakai informou que ele pode ficar calado, exercendo o direito de não fornecer provas contra si.
De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Senado