Em Goiás, fiscalização resgata trabalhadores que viviam em curral
Para evitar a libertação, gerente da fazenda tentou esconder parte dos trabalhadores que viviam em condições degradantes, mas ônibus quebrou e fiscais conseguiram alcançar o grupo.
Por Bianca Pyl, no Repórter Brasil
Publicado 26/05/2012 09:58
Ação de fiscalização realizada no final de abril pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE/GO), pelo Ministério Público do Trabalho e pela Polícia Federal encontrou trabalhadores vivendo em condições análogas a de escravos em um curral na Fazenda Vale do Rio Doce, em Rio Verde (GO).
A ação foi motivada por denúncia e resultou na libertação de 17 pessoas. A propriedade foi arrendada por Jailes da Silva Ataídes, que acabou responsabilizado pela situação encontrada.
De acordo com a equipe de fiscalização, o empregador chegou a tentar esconder parte dos trabalhadores, mas o ônibus que transportava o grupo quebrou na estrada. A Repórter Brasil tentou, mas não conseguiu encontrá-lo para comentar o flagrante.
Curral onde parte dos trabalhadores resgatados morava (Fotos: SRTE/GO)
Além dos que viviam em um curral, a fiscalização encontrou também trabalhadores alojados em um galpão. Alguns dormiam em espumas colocadas em cima de tijolos. A ação foi coordenada pelo auditor fiscal Roberto Mendes, da SRTE/GO. Além das condições degradantes a que estavam submetido, os empregados também tinham salários atrasados e, por isso, impedidos de deixar o local.
Colchões de espuma colocados em tijolos eram usados como cama pelos trabalhadores
As vítimas foram aliciadas por intermediários, conhecidos como "gatos" nos municípios de Rio Verde (GO) e Rio Doce (GO), próximos à fazenda. Os trabalhadores extraiam madeira de eucalipto e operavam motoserras sem nenhum treinamento ou uso de equipamentos de proteção individual (EPI).
Outra parte do grupo dormia em galpão sem estrutura nenhuma
A alimentação era acondicionada de forma inadequada, aumentando riscos de contaminação. Também não havia mesas ou cadeiras para as refeições, nem instalações sanitárias ou água potável.
Vítimas dormiam em colchões de espumas colocados sobre tábuas, sem nenhuma proteção
A fiscalização responsabilizou Jailes da Silva Ataídes, que arrendou a fazenda para extrair a madeira. Jailes pagou as verbas rescisórias no valor total de mais de R$ 70 mil. Os empregados receberam guias para sacar o Seguro Desemprego.