Liège: “Devemos perseguir a emancipação na perspectiva humana”

Em entrevista ao Vermelho, a secretária nacional da Questão das Mulheres do PCdoB, Liège Rocha, fez um balanço positivo da 2ª Conferência Nacional do Partido sobre a Emancipação da Mulher, realizada entre os dias 18 e 20 de maio, em Brasília. Segundo dados divulgados pela dirigente, o processo da conferência envolveu cerca de 15 mil participantes, em diversas plenárias realizadas nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Da Redação,
Mariana Viel

Segundo Liège durante os debates foram abordados três aspectos do documento-base da conferência. “Debatemos o aspecto teórico, sobre qual é o tipo de emancipação que queremos; o aspecto político da realidade das mulheres brasileiras hoje e as questões relacionadas ao Partido. A conferência traz novos ventos para o enfrentamento da luta pela emancipação das mulheres”.

“Do ponto de vista político, propriamente dito, foram levantados vários dados sobre a realidade e os avanços que as mulheres têm conquistado no Brasil. Por outro lado, esses dados também apontam para a necessidade de avançarmos no enfrentamento à violência contra a mulher e da mortalidade materna, na defesa do SUS (Sistema único de Saúde), da saúde da mulher, dos direitos sexuais e reprodutivos. Isso não está descolado da preocupação da participação das mulheres no Projeto Nacional de Desenvolvimento.”

A sensibilização do conjunto da militância partidária e o envolvimento de homens e mulheres, assim como a presença marcante da direção nacional, deixa um forte sentimento de responsabilidade para o avanço da perspectiva da luta pela emancipação.

Para Liège, os reflexos imediatos da conferência poderão ser observados no próprio processo eleitoral deste ano. “Penso que as mulheres e o próprio Partido também estarão mais alertas para essa necessidade da promoção das mulheres e da garantia de candidaturas femininas do Partido”.

“Sabemos que nos marcos do capitalismo a emancipação política tem uma importância muito grande na conquista dos direitos. Mas precisamos também perseguir essa emancipação na perspectiva também da emancipação humana. Esse é uma questão muito rica e que com certeza vai fortalecer a nossa militância no debate de ideias e na sociedade como um todo.”

Ela destacou ainda a importância das candidaturas de Manuela D'Ávila (Porto Alegre), Ângela Albino (Florianópolis) e Alice Portugal (Salvador) dentro da perspectiva da superação da sub-representação das mulheres nos espaços de poder e decisão.

“Do ponto de vista interno do Partido é muito importante a sensibilização da parcela masculina em relação a essa questão. Com certeza isso tem um reflexo na mudança de comportamento, de visão de mundo, do entendimento de que temos que combater práticas discriminatórias. Tudo isso também influencia a vida da militância partidária.”

Instâncias diretivas

A dirigente nacional relata que desde a primeira conferência, realizada em 2007, o PCdoB obteve importantes avanços na questão da presença das mulheres nas instâncias diretivas do Partido. Ela afirma que a grande maioria das direções estaduais cumpre a meta de ter no mínimo 30% de mulheres nos espaços internos de decisão. “Durante a abertura de nossa conferência, o presidente do Partido, Renato Rabelo, disse que não basta mais apenas os 30% e que temos que lutar agora pela paridade, ou seja, 50%. Essa é uma perspectiva que se abre.”

Atualmente, cinco comitês estaduais do Partido (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe) são presididos por mulheres. O PCdoB também é o partido com a maior bancada no Congresso, proporcionalmente. “Essas coisas são questões importantes que também mudam a visão de participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. Temos em nossa trajetória muita preocupação com a participação das mulheres.”