PEC do Trabalho Escravo será votada hoje, com ou sem acordo
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou nesta terça-feira (22) que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo será votada hoje pelo Plenário mesmo que não haja acordo. Segundo ele, as posições radicais a favor e contra o texto atual não vão adiar a data da votação.
Publicado 22/05/2012 16:39
“A minha intenção é colocar em votação em sessão extraordinária. Concordo que precisamos definir melhor o que é trabalho escravo e o que é desrespeito à legislação trabalhista”, afirmou o presidente.
A proposta, que foi aprovada em primeiro turno em 2004, permite a expropriação das terras onde for encontrado trabalho análogo à escravidão.
A votação foi marcada para hoje no início do mês, após acordo entre os defensores da proposta e os deputados ruralistas – que se opõem à PEC, com o argumento de que ela permitirá a expropriação de imóveis rurais por simples infrações trabalhistas, pelo fato de não definir trabalho escravo.
O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PSD-RO), apresentou um projeto que altera a definição do crime de trabalho escravo, previsto no Código Penal. Os deputados ruralistas condicionam a aprovação da PEC à aprovação desse projeto.
Os deputados defensores dos direitos humanos rejeitaram a proposta e articulam uma outra, que não altera o Código Penal. O Código Penal define assim o crime de trabalho escravo: “Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.
Pelo projeto dos ruralistas, trabalho escravo é: “Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, trabalho forçado ou obrigatório, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou obrigatórios mediante ameaça, coação ou violência, quer restringindo a sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador”.
Ou seja, o projeto retira os termos “jornada exaustiva”, “condições degradantes de trabalho” e “preposto” (o chamado gato) e inclui a necessidade de ameaça, coação e violência para a caracterização do trabalho escravo.
De Brasília
Com agências