Projeto formará em direitos humanos, gênero e diversidade sexual

As aulas têm carga horária de 40h e serão realizadas no Campus Itaperi, de 21 de maio a 20 de julho, nos turnos manhã, tarde e noite. O curso propõe um espaço para debate, reflexão e instrumentalização conceitual, técnica e política acerca da equidade de gênero e da diversidade sexual, assim como do uso estratégico de mídias e novas tecnologias em processos de educação em direitos humanos, tendo em vista o combate ao machismo e à homofobia.

O projeto é destinado a graduandos (as) de cursos de licenciatura (Pedagogia, Ciências Sociais, Letras, Filosofia etc.), assim como de Psicologia, Serviço Social, agentes culturais ligados aos programas Pontos de Cultura/ Cultura Viva, ativistas em gênero/mulher e diversidade sexual/LGBT.

Marcos Rocha, psicólogo e diretor da ONG Fábrica de Imagens, explica que o Projeto Outros Olhares, acredita que “os processos educativos formais ou informais se apresentam como um espaço privilegiado para debater essas questões, contribuindo para uma educação e uma sociedade acolhedora e respeitosa às diferenças de ordem de gênero, de orientação sexual, classe etc., portanto, mais próxima da democracia”.

Bullying e homofobia

No dia 17 de fevereiro deste ano, mais um caso de homofobia chocou o Brasil. Um menino de 12 anos, morador da cidade de Vitória (ES) se suicidou após sofrer repetidas agressões físicas e verbais com cunho homofóbico oriundas dos colegas da escola. Segundo os pais do garoto, a escola já havia sido informada do ocorrido e eles já haviam inclusive entrado com um pedido de transferência. Situações como estas são reveladoras do despreparo da comunidade escolar em lidar com as questões referentes à diversidade sexual e às relações de gênero.

A formação em direitos humanos se torna mais que necessária. Segundo Marcos, 58 mulheres foram assassinadas no Ceará apenas nos cem primeiros dias de 2012 (COIN/SSPDS), e num levantamento do Grupo Gay da Bahia, “crimes de ódio resultaram na morte de 260 Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT no Brasil em 2011”.

Em levantamento realizado junto a participantes do Outros Olhares em 2011, mais da metade dos profissionais da educação envolvidos nos cursos declararam não ter acesso a nenhuma informação acerca dos temas debatidos antes do projeto. Segundo Adriano Caetano, mestre em Sociologia pela UFC, diretor do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab) e facilitador das formações do Projeto Outros Olhares, a redemocratização recente no país e a não efetivação de um estado laico (como consta na constituição) são alguns dos impasses à inclusão destes temas nas escolas.

“As escolas ainda estão presas a várias normas, incluindo o binarismo nas relações de gênero, o esforço de nós como movimento LGBTT é contribuir para uma formação crítica desses educadores na área da diversidade sexual, gênero e cidadania como um esforço de desconstruir a homofobia e o sexismo que ainda está muito presente em nossas salas de aula”, afirma.

Tel Cândido, coordenador do projeto Outros Olhares – Educação em Direitos Humanos, Gênero e Diversidade Sexual, relata que a “com metodologia aprovada por 99% dos participantes, as últimas edições do Outros Olhares fomentaram mais uma centena de ações de replicação junto a jovens através de rodas de conversa, criação de blogs e vídeos-debate em escolas públicas, pontos de cultura, cineclubes e associações em cerca de 12 cidades cearenses”.

O Projeto Outros Olhares – Educação em Direitos Humanos, Gênero e Diversidade Sexual fomenta as discussões referente às áreas de Gênero, Diversidade Sexual e Educação desde 2008. Nesta edição, cento e vinte graduandos (as) de cursos de licenciatura (Pedagogia, Ciências Sociais, Letras, Filosofia etc.), assim como de Psicologia, Serviço Social, agentes culturais ligados aos programas Pontos de Cultura/ Cultura Viva, ativistas em gênero/mulher e diversidade sexual/LGBT se inscreveram para participar das formações, que acontecerão em quatro turmas.

“Queremos contribuir na formação de futuros educadores para que, através de um exercício profissional crítico e comprometido com os direitos humanos, se tornem agentes ativos da construção de uma educação não machista e não homofóbica, que respeite as diferenças e garanta a cidadania de todos(as)”, enfatiza Tel.

Mais informações: outrosolhares2012.wordpress.com / Twitter:OOlhares / E- mail: outrosolhares@fabricadeimagens.org.br / fones: 85 3495 1887 / 9980 5300 (Iara Moura e Lícia Militão)

Fonte: Agência da Boa Notícia