Israel e presos palestinos fazem acordo e termina greve de fome

Os presos palestinos chegaram a um acordo com Israel para por fim a sua greve de fome, uma vez alcançadas várias de suas reivindicações, informaram fontes israelenses e palestinas nesta segunda-feira (14).

 Dois homens começaram o protesto em 27 de fevereiro, há 77 dias, e centenas se uniram a eles em 17 de abril. Foi a greve de fome mais longa já feita por presos palestinos em Israel e alguns deles estão em condição grave de saúde.

Entre as exigências dos presos estava a permissão para receber visitas de familiares que vivem na Faixa de Gaza, o fim da solitária e da política israelense conhecida como “detenção administrativa”, segundo a qual um suspeito de ser militante pode passar meses e até anos na prisão sem nunca ser formalmente acusado.

De acordo com um negociador palestino, Israel concordou em permitir que os presos recebam visitas de familiares tanto da Cisjordânia quanto da Faixa de Gaza – estas últimas suspensas desde 2006.

O negociador, que não quis ser identificado, também afirmou que Israel concordou em acabar com as solitárias, permitiu que os presos façam telefonemas a parentes e busquem formação acadêmica.

Segundo o governo israelense, cerca de 1,6 mil prisioneiros, ou mais de um terço dos 4,5 mil palestinos presos em Israel, se juntaram à greve de fome. Segundo lideranças palestinas, o número de pessoas que aderiram ao protesto é maior: 2,5 mil.

Familiares dos presos cobraram sua libertação. “Eles vão soltar Bilai? Acabou?”, perguntou Missadeh Diab, mãe de Bilal Diab, um dos prisioneiros que fez greve de fome por 77 dias. “Que Deus atenda nossos pedidos por liberdade.”

A agência de segurança israelense Shin Bet afirmou que serão colocados limites nas detenções administrativas. A prática não foi totalmente abandonada, mas as detenções não poderão ser estendidas se Israel não apresentar novas informações de inteligência sobre os suspeitos a uma corte militar.

O acordo foi confirmado também pelo movimento islamita Hamas, que em um breve comunicado à imprensa notifica a assinatura do documento, enquanto a agência oficial de notícias palestina "Wafa" indica que foi assinado na prisão de Ashkelon, ao norte de Gaza.

A essa prisão, tinha chegado nesta segunda-feira um alto funcionário do governo egípcio para acertar os detalhes do pacto com os comitês que os representam e com delegados do serviço penitenciário.

Vários jornais israelenses informaram nesta segunda-feira que o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não estava interessado que a greve chegasse ao 15 de maio, dia em que os palestinos lembram a "Nakba" ("Catástrofe").

Neste dia, os palestinos lembram o exílio que representou para eles a criação do Estado de Israel em 1948 e costuma estar carregada de tensão. Por isso, os serviços de segurança e o Exército estavam em estado de alerta máximo por receio de que a fusão dos dois assuntos mais sensíveis na vida dos palestinos – os presos e a Nakba – se transformassem nesta terça-feira em uma mistura explosiva.


Com agências