Balança comercial chinesa desacelera em abril

Atingida sobretudo pela estagnação econômica europeia, a balança comercial chinesa registrou desaceleração nas exportações e importações em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

O Brasil, grande vendedor de matérias-primas para o país, ainda não foi afetado pela desaceleração, no entanto.

Somando exportações e importações, o comércio chinês com o mundo aumentou apenas 2,7% no mês passado, ante 8,9% em março, segundo a Aduanas da China. As importações chinesas subiram 0,3%, enquanto as exportações cresceram 4,9%. A maioria das previsões indicava taxas de crescimento entre 8% e 11% para exportações e importações.

Com a União Europeia, o principal parceiro comercial da China, o comércio cresceu mero 0,3% no primeiro quadrimestre, chegando a US$ 170,5 bilhões. "Os números de exportação e importação são decepcionantes, sinalizando fraca demanda tanto nos fronts externos quanto nos domésticos", afirma relatório de ontem do banco HSBC.

"Isso reforça a necessidade de uma política de relaxamento para incentivar a demanda doméstica. Prepare-se para o próximo corte do depósito compulsório bancário [pelo governo chinês]."

Brasil

Para o Brasil, a boa notícia é que o comércio com seu principal parceiro apresentou resultados melhores, com um crescimento de 14,4% no primeiro quadrimestre. Outra diferença é que as importações chinesas do Brasil (15,2%) cresceram mais do que as exportações (13,3%) no primeiro quadrimestre.

Assim, enquanto a China apresentou um superavit global de US$ 18,4 bilhões em abril, com o Brasil há um deficit de US$ 2,05 bilhões. As importações de minério de ferro chinesas de todo o mundo cresceram 6,5% em volume com relação a abril do ano passado, mas o preço por tonelada despencou 13,4%. Com relação à soja, o incremento foi de 22,3%, com um preço médio da tonelada 7,6% menor.

Ting Lu, economista do Bank of America Merril Lynch, diz que isso ameniza um pouco os dados negativos. Segundo ele, o fato de o volume na exportação de commodities ter aumentado ficou escondido pelo preço em queda, gerando distorção. "A situação não é tão ruim quanto os números parecem indicar", afirmou ao jornal "Financial Times".

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento brasileiro, que adota metodologia diferente, o crescimento do comércio bilateral no primeiro trimestre deste ano foi de 12% em relação ao mesmo período de 2011.

Fonte: Folha de S.Paulo