Sírios vão às urnas eleger novo Parlamento

Cerca de 15 milhões de sírios elegem nesta segunda (7) um novo Parlamento Nacional – sob a nova Constituição aprovada em referendo geral – em pleito que estará baseado na pluralidade política e partidária. Apesar de a oposição armada tentar tumultuar o processo, provocando incidentes violentos, a participação popular nas urnas é massiva, relata a Telesur.

Segundo a agência, nas províncias sírias de Homs (centro) e Idlib (norte), na fronteira com a Turquia, grupos armados que se opõem ao governo provocaram eventos violentos que culminaram com o sequestro de vários agentes das forças de segurança da ordem pública.

O correspondente da Telesur no Oriente Médio, Hisham Wannous, que se encontra em Damasco, afirmou que os grupos armados ilegais também emboscaram alguns ônibus que transportavam forças da ordem e se dirigiam a centros eleitorais para garantir a segurança dos cidadãos.

O jornalista acrescentou que os mesmos grupos rebeldes ameaçaram retaliar candidatos que participariam da disputa parlamentar se estes não desistissem do pleito. Neste sentido, ele destacou que ao menos 100 candidatos se retiraram da eleição, por medo de serem vítimas de atos terroristas, embora a maioria tenha ignorado tais ameaças.

O correspondente da Telesur acrescentou que há um forte esquema de segurança na província de Aleppo (norte) e na capital Damasco, onde os homens armados informaram que também gerariam violência contra o processo eleitoral.

Para resolver esta situação, o Ministério do Interior se pronunciou e disse que iriam garantir a segurança em todas as assembleias de voto, dos cidadãos e candidatos. Afirmou ainda que o resto do país se encontra votando com tranquilidade.

Segundo o ministério, o comparecimento de cidadãos sírios às urnas denuncia "uma guerra midiática manipuladora contra a Síria" para entorpecer a jornada democrática. A declaração é uma resposta a supostos representantes do povo sírio em capitais europeias, que chamaram a boicotar o processo.

Informações oficiais dão conta de que, até março passado, grupos armados mataram 3.211 civis, incluindo 204 mulheres e 156 crianças, 478 policiais e 2.088 soldados membros das forças de segurança. Além disso, havia ocorrido 1.560 sequestros, incluindo civis, militares e policiais. e 931 pessoas estavam desaparecidas.

Participação em massa

Apesar de incidentes isolados, o correspondente Wannous disse que houve uma participação massiva do público, na maioria das zonas de votação no país. "As eleições vão acabar às 22h locais (19h GMT). Mas, se ainda existirem eleitores na fila para votar, o processo pode ser prorrogado até três horas adicionais. "

Ele acrescentou que uma vez se fechem todos os colégios, começará a contagem dos votos e está previsto que no início da terça-feira o Ministério do Interior ofereça uma conferência de imprensa para anunciar o desenvolvimento da contenda eleitoral e os resultados preliminares.

Mais de sete mil candidatos disputam 250 assentos no Parlamento e, pela primeira vez, nestas eleições participam organizações políticas que não fazem parte da coalizão de governo liderada pelo Partido Árabe Socialista Baaz. Mais da metade dos assentos estão reservados para os trabalhadores e camponeses.

Também pela primeira vez nestas eleições parlamentares, disputam livremente cidadãos de origem curda, nos termos do artigo IX da Constituição, que reconhece esta comunidade como parte integrante da nação síria.

As eleições para eleger os deputados da Assembleia Popular são parte das amplas reformas promovidas pelo governo do presidente sírio, Bashar Al Assad, em resposta às demandas do povo de conceber um maior pluralismo democrático na nação árabe.

Ontem o ministro do Interior, major general Mohamed Shaar, revelou que se adotaram as medidas necessárias para que os cidadãos votem em um ambiente democrático, transparente e tranquilo.

A respeito, o ministro de Informação, Adnan Mahmoud, em declarações que cita a agência de notícias síria SANA, precisou que estas são as primeiras eleições que se desenvolvem em base à nova Constituição, votada por referendo geral e aprovada pelo Conselho do Povo.

Indicou que o processo seria supervisionado por um órgão judicial independente através da Alta Comissão Eleitoral. Explicou também que o acompanhamento das eleições se realizará através dos correspondentes de mais de 200 meios de comunicação árabes e estrangeiros, e de 100 personalidades políticas, intelectuais, judiciais e midiáticas árabes e estrangeiras que estarão nos colégios eleitorais.

Com Telesur