Após morte de civis, Afeganistão quer paralisar acordo com EUA

O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu explicações nesta segunda (7) ao chefe da missão da Otan no país, John Allen, e ao embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão, Ryan Crocker, por uma série de bombardeios que causaram desde sábado a morte de pelo menos dez civis. Ele denunciou a morte de mulheres e criianças nos ataques e afirmou que pretende paralisar a aplicação do acordo estratégico entre ambos os países.

"O presidente encara as operações arbitrárias e os bombardeios de civis da Otan como um assunto soberano afegão e já não pode tolerá-lo mais", afirmou o escritório presidencial em comunicado.

Segundo a nota, tanto Allen como Crocker foram convocados ao palácio presidencial, onde o militar norte-americano teria prometido uma investigação e assumido pessoalmente a responsabilidade pelos bombardeios.

"Se a vida dos afegãos não for protegida, a associação estratégica perderá sentido", disse Karzai, segundo o comunicado.

De acordo com um relato divulgado pelo governo do país, desde sábado passado pelo menos dez pessoas – entre elas mulheres e crianças – foram mortos em diferentes bombardeios da Otan sobre as províncias orientais de Logar e Kapisa, em Helmand, e na região de Badghis, no noroeste do país.

Karzai acusa há há meses que a morte de civis em operações bélicas é inaceitável, assunto que se transformou em um dos mais polêmicos nas relações entre o Afeganistão e as tropas de ocupação presentes no país.

Semanas atrás, o presidente afegão e seu colega norte-americano, Barack Obama, assinaram um acordo estratégico bilateral que fixa as linhas de "cooperação" civil e financeira até 2024.

Diferentes testemunhas denunciaram nesta segunda-feira a morte de 14 civis nos bombardeios de Badghis e Helmand, enquanto vários deputados citados pela agência "AIP" já mostravam seu temor a que o pacto encalhe no Parlamento afegão em consequência dos ataques.

As tropas de ocupação acantonadas no Afeganistão estão em processo de retirada, que deve terminar em 2014.

Com agências