China defende respeito mútuo em diálogo com EUA
Em meio a tensões, China e Estados Unidos iniciaram nesta quinta (3), em Pequim, a 4ª rodada do diálogo estratégico, para discutir questões diplomáticas, econômicas e militares. As conversas ocorrem no momento em que os EUA anunciaram o aumento da presença militar na Ásia e alguns dias após a embaixada norte-americana em Pequim dar abrigo a um jornalista que fugiu de sua prisão domiciliar no país. Num discurso cordial, o presidente chinês, Hu Jintao, defendeu o respeito mútuo entre as nações.
Publicado 03/05/2012 11:23

se cumprimentam na abertura do encontro em Pequim / Foto: AP
Os dois países buscaram dar um ar de normalidade ao encontro, mas não deixaram de mandar seus recados. Hu Jintao proferiu um discurso pedindo o reforço do entendimento e a construção conjunta de uma relação bilateral marcada pelo respeito mútuo e por cooperações. E advertiu que qualquer problema entre as duas maiores potências econômicas supõe "graves" riscos para o mundo.
China e Estados Unidos decidiram realizar encontros periódicos a partir de 2009, quando os presidentes dos dois países participaram da reunião do G20, em Londres. O intuito é discutir questões estratégicas e de longo prazo relativas ao desenvolvimento de ambos, aliviar os conflitos e promover cooperações. Hu Jintao elogiou os resultados obtidos pelo mecanismo de diálogo nos últimos três anos.
"O diálogo estratégico e econômico sino-norte-americano tem promovido, nos últimos três anos, comunicações de alto nível entre os dois países, além de ampliar o consenso sobre a direção do desenvolvimento das relações bilaterais. O diálogo ajudou a aprofundar o entendimento e a amizade entre os dois povos", disse.
Para o presidente chinês, as cooperações entre a China e os Estados Unidos são benéficas para todo o mundo. "Todas as nações neste planeta querem que o século 21 seja o primeiro da história humana marcado pela paz e prosperidade conjunta. As cooperações sino-norte-americanas vão trazer grandes oportunidades ao mundo, enquanto que possíveis conflitos entre os dois prejudicariam a comunidade internacional. As duas nações devem promover firmemente a parceria cooperativa, seja qual for a situação internacional", colocou.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, garantiu que Washington vai se dedicar à construção da parceria com o país asiático. Ela disse que o 4º diálogo estratégico e econômico é de suma importância.
"Todo mundo está olhando para os Estados Unidos e para a China. Os dois povos querem ver também cooperações cada dia mais estreitas. Os outros países esperam que as colaborações sino-norte-americanas beneficiem o mundo. Nenhum país é capaz de realizar um jogo de soma zero. China e Estados Unidos estão construindo uma relação de compartilhamento da prosperidade, que deve evitar disputas e conflitos insalubres", defendeu.
Mas, sem citar o nome do jornalista chinês, Hillary afirmou que todos os governos "devem responder às aspirações de seus cidadãos em relação à dignidade e ao estado de direito". "Nenhum país pode, nem deve, negar estes direitos" a seu povo, afirmou, um dia após o governo chinês pedir aos Estados Unidos que "deixassem de induzir ao erro a opinião pública".
As boas intenções do evento e a cordialidade que transparece nos discursos dos líderes não foram suficientes para impedir que, antes da abertura do diálogo, episódio envolvendo o jornalista ampliasse tensões entre os países.
O chinês Cheng Guangcheng, em prisão domiciliar em Pequim, chegou por meios irregulares na embaixada dos EUA nesta capital e lá foi acolhido pelos diplomatas norte-americanos. Ele deixou a sede voluntariamente, depois de passar seis dias lá. O ocorrido fez com que a China cobrasse um pedido de desculpas dos EUA, a quem acusou de ingerência. Os norte-americanos, no entando, deixaram claro que ele não virá.
Longe de se desculpar, Hillary afirmou em comunicado, na véspera do fórum bilateral, que "o governo dos Estados Unidos e o povo norte-americano estão comprometidos a continuar envolvidos com Chen e sua família nos dias, semanas e meses que virão".
No encontro, os dois países também analisarão questões como uma maior transparência em assuntos militares e o aumento da segurança cibernética, enquanto o diálogo econômico, que a princípio parecia ser o principal tema de agenda, ficou em um segundo plano.
No entanto, em seu discurso, o secretário do Tesouro Geithner ressaltou a importância de que China e EUA dialoguem sobre questões como resguardar os direitos de propriedade intelectual e proteger as empresas de um país que investe no outro.
Ele também afirmou que a China e os EUA "trabalharão juntos para apoiar os esforços da Europa na superação da crise da dívida" e na promoção da reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Com agências