Tchernobil foi o maior golpe contra a energia nuclear, diz russo
De acordo com um decreto presidencial russo, em 26 de abril comemora-se no país o dia de homenagem às equipes de salvamento e às vítimas de acidentes nucleares. Foi precisamente neste dia, em 1986, que ocorreu a tragédia da Central Atômica de Tchernobil.
Publicado 26/04/2012 19:58
"Mais de 600 mil pessoas participaram da liquidação das consequências da tragédia, da retirada do combustível radioativo e da construção do chamado sarcófago sobre o bloco energético avariado. Este acidente foi um evento de âmbito global que abalou seriamente a confiança em relação à energia nuclear nuclear", aponta Bulat Nigmatulin, eminente especialista russo em física nuclear.
"Nós, o pessoal do parque gerador nuclear, não esperávamos este acidente. Foi um reator que explodiu, um grande reator, um reator de grande potência. A seguir, graças a esforços heróicos foi construído muito rapidamente o chamado sarcófago. E já em novembro foram postos em funcionamento este reator e o primeiro bloco. Mais tarde, no fim do ano, foram postos em funcionamento todos os três blocos da central atômica de Tchernobil. Por isso, pode-se apenas admirar a nossa gente que conseguiu fazer tudo isso", rememora Nigmatulin.
Na opinião do perito, a estrutura do reator RBMK que explodiu em Tchernobil era imperfeita e o seu sistema de comando continha possibilidades potenciais de acidente.
"Infelizmente, foram precisamente estas opções que se realizaram. É sabido que além do acidente em Tchernobil, acidentes idênticos houve também em outros locais: a central atômica Three Mile Island nos EUA e há um ano a central atômica de Fukushima, no Japão. Mas isso não significa que seja preciso fechar todas as centrais atômicas", ressalta Nikolai Kukharkin, conselheiro do diretor do Instituto de Pesquisas Científicas Kurtchátov.
"A lição de cada acidente é levada em consideração e, certamente, o nível de segurança será cada vez mais alto. Apesar disso, os acidentes, infelizmente, ocorrem. Aparentemente, no caso de Fukushima, a causa principal do acidente foi uma calamidade natural. Se fosse calculada de antemão a possibilidade de vinda de um tsunami, seria mais fácil prever a instalação da central em outro local, mais alto. Mas isso não se deu, não levaram este fator em conta. Daí não vem que todo o parque gerador nuclear deva ser posto em dúvida. É preciso aprender com os acidentes", afirma Kukharkin.
"Uma central elétrica é ineficiente se é cara. Na China ela resulta economicamente eficiente pois neste país o custo da mão-de-obra é baixo. Por isso, os chineses podem construir semelhantes centrais elétricas. Certamente, o parque gerador nuclear do mundo, incluindo o parque nuclear russo, tem perspetivas de desenvolvimento", ressalta o diretor do Instituto de desenvolvimento seguro da indústria energética nuclear, Leonid Boltchov.
O passo seguinte no aperfeiçoamento de tecnologias é a passagem para reatores rápidos com o ciclo fechado de utilização do combustível e parâmetros de segurança mais elevados. Durante muito tempo estes sistemas de reatores novos irão coexistir com os atuais.
"Nisso não há nada de mal pois os que tiraram lições dos acidentes, cuidaram de elevar os atuais reatores para um nível de segurança bastante alto", finaliza o perito.
Fonte: Voz da Rússia