“Grave seca está paralisando obras públicas no Piauí”

 Deputado federal Osmar Júnior (PCdoB-PI) está propondo uma reunião da bancada do Piauí no Congresso Nacional com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tratar dos efeitos da seca no Estado

Osmar Júnior - Divulgação
Entrevista de Efrém Ribeiro do Jornal Meio Norte

Em entrevista ao Jornal Meio Norte, o deputado federal Osmar Júnior (PC do B) afirmou que o Governo Federal está analisando a atual seca no Piauí, uma das mais sérias na história do Estado, apenas como mais uma simples irregularidade de chuva que está ocorrendo no Estado. Por isso, Osmar Júnior está propondo uma reunião da bancada do Piauí no Congresso Nacional com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Osmar Júnior conta que o Ministério Público de São Raimundo Nonato proibiu a construtora que está executando as obras da rodovia BR-020 de usar as águas da barragem Petrônio Portella para que não falte água para a população.

Jornal Meio Norte – Como foi a última reunião da bancada federal do Piauí em Brasília e em que avançou?
Osmar Júnior – Foi muito positiva. Pela primeira vez a bancada definiu prioridades, começando pela obra de duplicação das BRs 343 e 316, que dão acesso a Teresina. Hoje, quem trafega na BR 316 consome em torno de duas horas para vencer os 80 Km que separam Teresina de Estaca Zero, vértice do grande ipsilon rodoviário do Piauí. No retorno da Semana Santa deste ano, em alguns horários, foram necessárias quase três horas para percorrer os 42 Km que ligam Altos a nossa Capital.

Sem a obra de duplicação das BRs, o papel de Teresina como centro econômico da região do Meio-norte do Brasil estará comprometido. Definida a prioridade, a bancada passou imediatamente a ação, e, na quinta-feira passada, já esteve em audiência com o ministro dos Transportes e o diretor geral do DNIT, para cobrar a conclusão dos estudos de viabilidade e a contratação do projeto técnico da obra. Essas são condições essenciais para a inclusão da obra de duplicação das BRs no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Também definimos que vamos atuar coletivamente junto ao Ministério do Planejamento, responsável pela elaboração do orçamento geral da união para 2013, para incluir a previsão dos recursos para a obra já na proposta que será enviada pela Presidente Dilma ao Congresso. Atuaremos também dentro da Comissão de Orçamento, onde a nossa bancada tem três membros.

JMN – Qual sua intenção ao sugerir uma reunião entre as bancadas federais de estados do Nordeste com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

O.J. – Acho que o Governo Federal não tem a dimensão exata da estiagem que atinge o Nordeste neste ano. Trata a situação como uma simples irregularidade nas chuvas, normal no semiárido nordestino. No entanto, o que está ocorrendo é uma brutal redução das precipitações pluviométricas, que já liquidou a safra, e está comprometendo as reservas de água. Rios, riachos, barragens, barreiros, e até os poços estão com o volume de água reduzido.

Alguns, já secos. A título de exemplo, no município de Alagoinhas, dos 70 poços mantidos pela Prefeitura, 30 já estão sem água. Os agricultores, que perderam suas safras, agora são obrigados a se desfazerem de seus rebanhos, vendendo seus animais a preço vil. Pior seria vê-los mortos pela sede. No povoado Torrões, zona rural de Picos, onde se pratica a agricultura irrigada, os trabalhadores gritam pela abertura das comportas da barragem de Bocaina, sob pena de perderem suas plantações. O diretor regional do Dnocs já avisou que não poderá atender ao apelo, já que o reservatório da barragem perdeu 40 milhões, dos 106 que tinha quando sangrou há dois anos. O senador João Vicente, coordenador de nossa bancada, informou que o Ministério Público de São Raimundo Nonato proibiu a construtora que está executando a obra de asfaltamento da BR 020 de retirar água de barragem da região, preocupado com a possibilidade de falta do precioso liquido até para o consumo humano. É a seca paralisando obra pública importante para nosso Estado. A reunião é para alertar a presidente Dilma sobre a real situação, e cobrar providências.

JMN – O senhor propôs uma mudança na postura da bancada perante os ministros. Na prática, como isso se daria?

O.J. – Precisamos ter atuação política dentro do Congresso e do Governo Federal. Os integrantes de nossa bancada federal, individualmente, são protagonistas em seus partidos, nas comissões técnicas, nas frentes parlamentares. Nas últimas décadas, através de emendas ao orçamento da união, os deputados e senadores contribuíram com importantes obras para nosso Estado, especialmente para a construção de barragens, para a pavimentação de estradas e de infraestrutura urbana. No entanto, careceu de atuação coletiva, que definisse os investimentos prioritários para o desenvolvimento do Estado, e reunisse força política para reivindicá-los.

Atuação que nos levasse além das emendas parlamentares, que são importantes, mas insuficientes para atender às necessidades do Piauí.

Agora, começamos a estabelecer as prioridades, que além da duplicação das BRs 343 e 316, deveremos definir a construção das hidrelétricas do rio Parnaíba, com a navegabilidade; do novo aeroporto de Teresina; e da integração de bacias. Confio que vamos ter uma ação unida, forte, que nos leve aos nossos objetivos. Na defesa dos interesses do Piauí, nós precisamos atuar na área técnica, pois sem projetos não podemos reivindicar nada, mas a decisão está na política. Nossa bancada, maioritariamente, apoia o governo da presidente Dilma, concorda com as medidas que ela toma na condução do país, mas queremos uma atenção maior ao nosso Estado.

JMN – De que forma os deputados federais e senadores podem atuar com protagonistas do desenvolvimento do Piauí?
O.J. – Conquistar o desenvolvimento é tarefa de nosso povo, liderado pelo governador do Estado, Wilson Martins. Precisamos de um projeto estadual de desenvolvimento, que sirva de base para um amplo movimento da sociedade piauiense. A bancada federal deve estar dentro desse movimento, fazendo o elo entre os interesses do Estado e o Governo Federal.

JMN – O senhor é membro titular da Comissão de Orçamento na Câmara. De que forma isso pode ajudar o Piauí?
O.J. Ao lado dos meus colegas de bancada, estarei vigilante para que o Piauí seja contemplado na divisão dos recursos federais.

JMN – O senhor tem se empenhado na luta da construção de uma Vila Olímpica de Parnaíba. Como está o projeto e como a Vila Olímpica pode ser usada para a Copa do Mundo 2014?
O.J. O projeto da Vila Olímpica de Parnaíba está em fase final de análise pela Caixa Econômica, órgão responsável pelo repasse dos recursos, oriundos do Ministério do Esporte.