Evento reafirma protagonismo do PCdoB nas lutas brasileiras
Comp parte da comemoração dos 90 anos do PCdoB partido reúne pensadores e militância para refletir sobre a longevidade do pensamento político e das ações desta trajetória de resistência e luta pela democracia.
Publicado 21/04/2012 11:26
Mesa discute História e Legado do PCdoB/ foto: Claudio Gonzales – Acervo Revista Princípios
O ministro do esporte Aldo Rebelo afirmou na tarde da última sexta-feira, em São Paulo, que o Brasil vive um momento histórico em que “quase todas as utopias são possíveis e quase todos os sonhos realizáveis” citando a chegada do líder sindical Lula à presidência do Brasil. O cientista político João Quartim de Moraes avaliou como um acerto histórico o apoio do PCdoB à candidatura de Lula referindo-se às ações avançadas deste governo que trouxeram melhorias para a vida de milhões de brasileiros.
As declarações de ambos aconteceram no seminário PCdoB 90 anos: história, legado, lições e alternativa socialista que começou na sexta e se encerra neste sábado, dia 21. O seminário faz parte da programação dos 90 anos e tem como objetivo enriquecer os conhecimentos dos filiados sobre a trajetória do partido. E a militância não decepcionou lotando o auditório da Unip Vergueiro que reuniu no primeiro dia delegações do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas, Pará, Goiás, Paraiba, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia além de um grande número de militantes da capital e interior de São Paulo.
A fundação do PCdoB e os artífices da criação, a geração liderada por Luis Carlos Prestes e as bandeiras que caracterizam o partido como um instrumento para construir uma política revolucionária foram os temas discutidos na manhã de sexta-feira na primeira mesa temática sobre História e Legado. Quartim de Moraes, José Luis Del Roio(diretor do Instituto Astrojildo Pereira) e a historiadora Marly Vianna foram os expositores da mesa mediada por Augusto Buonicore, da Fundação Mauricio Grabois.
“Entre erros e acertos a trajetória do PCdoB demonstrou heroísmo e abnegação e uma firmeza que segue até os dias de hoje”, declarou Marly. Ela também destacou ações que na opinião dela seria equivocadas como o tratamento cortês dado ao general Dutra por Prestes quando este declarou , em maio de 47, que o partido não entraria na legalidade. “No mesmo mês o Tribunal Superior Eleitoral decidiu pela cassação do partido impedindo as atividades”, completou.
Os anos do PCdoB na ilegalidade também foram tratados por José Luis Roio. “Desde a sua criação, o partido enfrentou condições duríssimas até os dias de hoje. Atuou 2/3 da vida sem poder defender e executar publicamente o próprio pensamento político”, lembrou. Quartim de Moraes citou a unidade de pensamento do partido, marxismo-leninismo, como um dos fatores mais importantes para a sobrevivência do PCdoB como uma alternativa de ruptura nas desigualdades no Brasil. “aliado a isso sempre esteve junto dos movimentos sociais e manteve a convicção de que temos que seguir adiante. É o que fez o partido passar por todas essas fases certo da tarefa histórica”, completou.
Vocação pela democracia
O seminário continuou à tarde com um relato emocionante escrito por Haroldo Lima, líder comunista que militou no movimento estudantil e vivenciou a barbárie da ditadura militar quando foi perseguido, preso e torturado. No texto, que foi lido para a plenária, Haroldo fala da reorganização do partido e da convicção do caminho político que, décadas adiante, se mostraria coerente com a ânsia do povo brasileiro por combater as desigualdades. Disse ainda que o tempo estaria encarregado de apontar qual organização optou pelo caminho revolucionário.
Aldo Rebelo refletiu sobre os avanços conquistados pelas forças progressistas no Brasil e questionou se temos consciência da profundidade dessas vitórias. Lembrou mais uma vez a dura disputa política (com riscos à estabilidade institucional) enfrentada por Lula e que contou com a firmeza do PCdoB. “Apesar de termos uma oposição com essa característica de recuperar práticas conservadores creio ser difícil que o Brasil possa voltar a viver sobre abismos sociais”, argumentou.
Aldo ainda destacou que o PCdoB tem o dever de defender a política como uma instituição. “Existem corporações fortes e arrogantes que disputam com a política a capacidade de decidir e definir o futuro dos cidadãos. É preciso preservar esse espaço de representação do povo”, defendeu.
Mediadora da segunda mesa sobre História e Legado, a deputada federal e vice-presidente do PCdoB Luciana Santos exaltou a clarividência e lucidez dos companheiros de mesa. “São desafios teóricos e políticos de alta monta”. Para Augusto Buonicore foi importante ouvir dois convidados que não são do PCdoB, Marly e Roio, contribuindo para enriquecer a história do partido aos olhos da militância. Segundo ele, o conteúdo do seminário será transformado em livro ainda sem data para publicação.
Durante o seminário foram lançados o documento da direção nacional do partido “PCdoB: 90 anos em defesa do Brasil e do socialismo” e os livros Formação do PCB, de Astrojildo Pereira, Contribuição à História do Partido Comunista do Brasil, organizado por Augusto Buonicore e José Carlos Ruy, Guerrilha do Araguaia – a esquerda em armas, do historiador Romualdo Pessoa Campos Filho, China hoje – projeto nacional, desenvolvimento e socialismo de mercado, de Elias Jabbour.
Da redação do Vermelho São Paulo