Pablo Osoria Ramírez: A Otan e seus jogos de guerra no Ártico
Sob um pretexto, tropas da Otan permaneceram durante vários dias em território do norte da Noruega e Suécia, para efetuar seus jogos de guerra, denominados Exercise Cold Response 2012 (Exercício Resposta Fria). Nessas manobras, levadas a cabo em meados de março, intervieram mais de 16 mil militares, navios de guerra e a aviação dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França e dos Países Baixos, entre outras nações, até chegar a 14 integrantes da Aliança Atlântica.
Por Pablo Osoria Ramírez*
Publicado 20/04/2012 18:07
Segundo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o objetivo dos ensaios militares era o treinamento das ações em condições de conflito e de possíveis atos terroristas.
Terroristas no ártico?
Analistas duvidam sobre as verdadeiras motivações, já que no Ártico não existe nenhuma das duas preconcepções justificadas pela entidade militares.
Para o especialista russo em temas de segurança Igor Korotchenko, esta atividade militar deve ser considerada, exclusivamente, através do prisma do reforço da presença militar da Otan no Ártico.
Por sua vez, sustenta que está condicionada à futura repartição das riquezas naturais da região.
O especialista afirmou que a Organização busca "exibir seus músculos", junto ao afã de consolidar seus esforços geopolíticos e diplomáticos com o apoio no poderio bélico.
Por sua vez, Vladimir Evseiev, especialista de relações internacionais da Academia de Ciências da Rússia, adverte que "as operações se levam a cabo no território da Noruega e da Suécia, ou seja, a dois passos das fronteiras daquele estado euroasiático", agregou.
Esses exercícios, comenta o observador, poderiam fazer-se em território do Canadá, mas, pelo lugar eleito, para muitos poderiam ser considerados como uma provocação, refletiu.
Postura da Rússia
Em tal sentido, Korotchenko afirma que Moscou segue atenciosamente as sequências da atividade militar da aliança atlântica no Círculo Polar.
Recordou que, na atualidade, estão sendo criadas duas novas brigadas árticas na Rússia, as quais estarão dispostas a atuar com mobilidade na região, principalmente onde o requeiram os interesses do país, acrescentou.
A proposta do estado euroasiático radica em resolver por meios pacíficos os possíveis litígios territoriais, mediante um diálogo apoiado na diplomacia e não na força bélica.
O Kremlin opõe-se à militarização do Ártico e propõe converter a área em uma das plataformas chaves da cooperação econômica e científica dos países pré-árticos: Rússia, Canadá, Estados Unidos, Noruega e Dinamarca.
No entanto, as autoridades russas não renunciam à renovação planificada de seu potencial defensivo em diversas regiões, incluídos os mares nórdicos.
O tesouro do Ártico
De acordo com meios de imprensa europeus, no Ártico não há terroristas, mas enormes reservas de gás, petróleo, ouro e diamantes.
Também possui um grande potencial para desenvolver rotas marítimas e aéreas.
Os cientistas prognosticam que o aquecimento global e o conseguinte derretimento dos gelos colocariam a descoberto o tesouro do Oceano Glacial do Norte.
Segundo uma análise do canal radiofônico A voz da Rússia, essa perspectiva suscita já disputas entre os Estados que aspiram à plataforma continental do Ártico, inclusive entre nações membros da Otan.
O mais recente jogo de guerra da Aliança esteve encabeçado pelo porta-aviões britânico HMS Illustrious, base de oito helicópteros de combate e de uma tripulação de quase mil pessoas, incluídos os soldados das Forças Navais.
As manobras decorreram no meio de fortes ventos que baixavam a temperatura a menos 40 graus centígrados, condições que, segundo a própria Otan, chegaram a situar as operações em ponto morto em algumas oportunidades.
*Pablo Osoria Ramírez é Chefe da Redação Europa da Prensa Latina