Trabalhadores de Belo Monte esperam que governo interceda

Os trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, esperam o contato do governo federal para intermediar as negociações com a empresa. Nesta quinta-feira (19), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, sinalizou que o governo poderá intermediar as conversas para evitar a greve, marcada para segunda-feira (23). Até o final da tarde, o Sntrapav-PA não havia recebido nenhum contato da Secretaria-Geral.

"Esperamos que o governo entre em contato para nos ajudar a encontrar uma solução. A empresa (Consórcio Construtor Belo Monte) alega não ter dinheiro para atender a solicitação dos trabalhadores. A greve não é um bom resultado. É fruto de um acordo não ajustado. O ideal é conquistar sem paralisação", declarou ao Vermelho Roginel Gobbo, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav-PA).

O dirigente sindical disse que ainda aguarda uma nova contraproposta da empresa até domingo. “Ainda dá para evitar. Greve não é bom para ninguém. Por isso esperamos o contato do governo ou da empresa. Estamos abertos a negociação”, insistiu Gobbo.

Ontem, os sete mil trabalhadores dos cinco canteiros (ou sítios como são chamados pela categoria) foram consultados em assembleias que ocorreram durante todo o dia. A maioria decidiu não aceitar a contraproposta do Consórcio e deflagrar a paralisação na segunda-feira.

Em dois pontos, tidos como principais pelos trabalhadores, não houve acordo. Um é sobre o período de intervalo das baixadas (quando o trabalhador deixa o local de trabalho, afastado, e vai visitar sua família). A proposta do sindicato é de reduzir o intervalo de seis para três meses. O CCBM manteve os seis meses (180 dias) aumentando a duração de nove para 19 dias. No entanto, esses dez dias a mais corresponderiam à antecipação das férias.

“Eles não estão propondo nada na verdade. Querem dar férias antecipadas e não é isso que está sendo reivindicado. Os trabalhadores não concordaram com isso porque esse é um direito já assegurado por lei”, disse Gobbo.

Outro ponto divergente é o vale-alimentação que atualmente é de R$ 95 e os trabalhadores pedem R$ 300. A empresa ofereceu R$110.

Avanços

Apesar das divergências, em outros pontos houve concordância e avanços como: pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR); equiparação salarial; instalação de telefonia móvel nos canteiros; melhoria no transporte para deslocamento do pessoal; limpeza e conservação dos uniformes será assumida pela empresa; instalação containers com representantes do sindicato em todos os sítios, durante todos os turnos; assistência médica com convênio em um hospital da região para o trabalhador e dependentes; abono das paralisações anteriores.

Governo

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ao ser questionado sobre o fato, enfatizou que “o governo negocia permanentemente”. “Sempre temos preocupação com a construção de nossas hidrelétricas, mas vamos negociando e vencendo os problemas que existem.”

Lobão falou da importância da construção da hidrelétrica. “Belo Monte vai produzir energia suficiente para abastecer 40% de todas as residências do Brasil. Ou nós construímos hidrelétricas, ou vamos ter que construir térmicas poluentes e por preço mais alto.”

Deborah Moreira, da Redação do Vermelho São Paulo
Com Agência Brasil