Rita Josina Feitosa: Ameaças que rondam o Banco do Nordeste
Este ano, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) completa 60 anos. Em diferentes momentos de sua história, a instituição enfrentou ameaças ao seu crescimento e mesmo ao seu funcionamento.
Por Rita Josina Feitosa da Silva, presidente da Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB)
Publicado 18/04/2012 15:54
Exemplos não faltam: ameaças durante o Governo Collor de desmonte e privatização dos órgãos públicos; a administração temerária calculada para enfraquecer a instituição e depois privatizá-la, por parte de um de seus ex-presidentes (Byron Queiroz), entre meados dos anos 1990 e início dos anos 2000; iniciativa do Governo FHC em transformar bancos regionais, como o BNB, em agências de fomento; a tentativa de retirar a instituição do Conselho Deliberativo da Sudene (Condel), bem como a tentativa de compartilhar com os demais bancos a operacionalização do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), quando da recriação do órgão em 2005; alterações que constavam na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Reforma Tributária (nº 233/2008) que fragilizavam o BNB; boatos de incorporação do BNB ao Banco do Brasil.
Em todos esses momentos, a Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) esteve atenta e atuante, desenvolvendo atividades de articulação e mobilização junto ao Congresso Federal e às casas legislativas estaduais, à sociedade civil, aos trabalhadores do banco e algumas vezes em um trabalho conjunto com a própria direção da instituição.
Desta vez, o que preocupa a Associação é a passividade da direção do banco frente ao cenário que se apresenta: possível retirada da exclusividade da operacionalização dos recursos do FDNE pelo BNB a partir da Medida Provisória 564/12, somado ao fechamento da agência de Brasília (pelo seu caráter estratégico para a atuação do banco) e a denúncias de irregularidades em operações de crédito feitas ao Ministério Público Federal – que estão sendo investigadas na Polícia Federal (PF), pela Controladoria Geral da União (CGU) e demais órgãos responsáveis – que impactaram no resultado pífio apresentado pelo Banco do Nordeste no ano passado.
Tal resultado, apenas 0,38% maior que o apresentado em 2010, certamente não era o esperado pelo Governo Federal.
O BNB seria o patinho feio das instituições bancárias? Haveria embutido algum tipo de preconceito com as instituições regionais (basta ver que a Sudene foi recriada mas ainda não mostrou a que veio)?
Haveria algum desprestígio para com a região Nordeste e seus habitantes? Qual será o futuro do Banco do Nordeste e que impacto isso terá na região? São perguntas que exigem respostas.