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Kofi Annan diz que seu plano para a Síria "está sobre a mesa"

Diante de novas pressões dos adversários de Damasco que exigem novas represálias, o enviado especial da ONU, Kofi Annan, afirmou nesta quarta-feira (11) que seu plano para um acordo político na Síria não fracassou, dando novos passos rumo a seu cumprimento.

A agência Prensa Latina soube nesta quarta que o governo sírio agiliza a concessão de permissões a dúzias jornalistas de vários países, que começarão a chegar nos próximos dias, em cumprimento de um dos seis pontos da proposta de Annan.

No entanto, a Turquia já acusou oficialmente as autoridades de Damasco de "descumprir o plano" e exigiu ao Conselho de Segurança da ONU que aprove uma resolução similar à adotada por esse órgão em março de 2011, que facilitou a intervenção militar da OTAN contra Líbia.

O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, que encontra-se na China, viajará na quinta-feira a Arábia Saudita, país que lidera a ofensiva internacional anti-síria, para se reunir na sexta-feira com o rei Abdullah em Riad, a fim de acelerar os próximos passos contra o governo do presidente Bashar al-Assad, segundo informou a imprensa turca.

Os diários Hurriyet e Today's Zaman, que citam funcionários públicos de Ancara, dizem que Erdogan solicitará ao rei Abdullah que os países árabes tomem a iniciativa em coordenar medidas internacionais contra o executivo sírio que encara um prazo, segundo o interpretam seus adversários, até esta quinta-feira (12) para cumprir o plano de Annan.

Referem-se em especial à retirada das forças militares das zonas de conflito, quando ainda acontecem ataques dos grupos armados e aumentam as tentativas de infiltração dos bandos e de materiais bélicos nos últimos dias.

O próprio Today's Zaman informou que o incidente fronteiriço da segunda-feira na região de Hatay começou quando indivíduos armados atacaram um posto de controle sírio a partir do território turco, matando seis soldados, e isto provocou a resposta dos militares.

Por causa do incidente foram feridos dois sírios e dois cidadãos turcos de um campo de refugiados que se encontra nessa zona.

Em um dos dias mais contristante para suas forças de segurança, a Síria sepultou na terça-feira 33 soldados, entre militares e policiais, entre eles um coronel, um primeiro tenente e vários sargentos e suboficiais.

Os jornais turcos divulgaram que provavelmente Erdogan viajará, como parte das pressões contra Síria, de Riad a Moscou para reunir-se com o presidente russo, Vladimir Putin.

China e Rússia frustraram as tentativas do Ocidente e de alguns países árabes de conseguir uma resolução na ONU que permita a intervenção bélica contra Damasco.

Em sua visita a Moscou, o chanceler sírio Walid Moallen acusou a Turquia de minar o plano de paz apresentado por Kofi Annan, ao continuar o fornecimento de armamento aos terroristas e aos militantes da oposição e ajudá-los a cruzar a fronteira para atacar o povo e as autoridades sírias. Moallen exigiu que Ancara cumpra com o estipulado na proposta do enviado da ONU.

"Como podemos cumprir o plano se ainda há entregas ilegais de armas e movimentos de militantes armados a partir da Turquia?", perguntou o ministro.

O chanceler denunciou que em violação do pacto de Annan, Turquia protege os grupos armados e lhes permite infiltrar armamento através da fronteira, e acusou Ancara de ser parte do problema.

Annan, que visitou a Turquia na terça-feira, considerou que é muito cedo para dizer que seu plano fracassou; "este ainda está sobre a mesa", disse à imprensa no aeroporto da província de Hatay.

"É um plano que todos estamos lutando por implementar; os sírios apoiaram-no e por comentários feitos por líderes da oposição, estes também estão dispostos ao acatar se o governo (sírio) cumpre o compromisso de retirar as tropas", disse o enviado da ONU.

Moallen afirmou ontem em Moscou que Damasco quer garantias de Annan de que os grupos armados também se comprometam com a trégua, mas o Ocidente se opõe.

"Acho que não devem existir pré-condições para deter a violência", disse o enviado da ONU.

Na terça-feira estiveram na Turquia, e também viajaram a Hatay, os senadores norte-americanos John McCain e Joseph Lieberman, para quem o plano de Annan fracassou, e exigiram que se adotem represálias mais severas contra a Síria.

Fonte: Prensa Latina