Protógenes Queiroz: CPIs desnudarão crime organizado no país
Nota publicada na imprensa nesta terça-feira (3) informa que a Câmara Federal terá que escolher entre Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) da Privataria Tucana e a do caso Cachoeira. Segundo a nota, ambas, que continuam paradas na Câmara, aguardando decisão de instalação exclusiva do presidente da casa, deputado Marco Maia (PT-RS), possuem alto grau de influência nas eleições municipais deste ano.
De São Paulo, Joanne Mota com agências
Publicado 03/04/2012 09:52
No entanto, devido às normas da Casa, apenas uma poderá sair ainda este ano. Visto que, o presidente Câmara já tem instalada, só em 2012, três CPIs e há uma quarta à caminho.
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Privataria Tucana
Em entrevista ao Vermelho, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), autor dos pedidos de abertura das duas CPIs, explicou que s duas atenderam aos requisitos.
Ele lembrou que estes dois casos fazem parte de uma ação parlamentar transformadora. “Quando me deparei com estes dois temas que são superimportantes para a República, que historicamente nunca foram debatidos com a atenção devida e nem expostos para a sociedade, nem tampouco foram alvo de investigações como foi o caso das privatizações e agora recentemente a denúncia de parlamentares envolvidos no crime organizado e com corrupção, percebi a responsabilidade e o desafio que nós teríamos pela frente”.
Protógenes salientou que a CPI da Privataria Tucana, que foi objeto das privatizações realizadas na década de 1990, ganhou repercussão a partir do livro do Amaury Ribeiro Junior.
“Ao ler o livro me deparei com três operações que coordenei durante mais de 13 anos na Polícia Federal, o que me colocou à frente destes processos. Ou seja, vi que precisávamos tomar uma providência e o próximo passo foi apresentar para a sociedade o caso, pois o Brasil precisava conhecer o absurdo que foi, e é, essa privataria”.
Ele acrescentou que diante das acusações o ex-governador de São Paulo, José Serra, não deveria sequer sair candidato, já que “será investigado por fatos muito graves”.
CPI do Cachoeira
A CPI do Cachoeira, disse Protógenes, é tão grave quanto o da CPI da Privataria Tucana. “Os atores são os mesmos, o modus operandi é o mesmo, as apropriações dos recursos públicos são de grande monta como no passado. Nesse momento temos revelado todo o esquema podre realizado durante anos na República”.
O deputado reafirmou que as duas denúncias são de grande envergadura, pois batem nas estruturas dos poderes da República e na política partidária. Porém, ele admite que as negociações com os colegas de parlamento serão difíceis. “Há, sim, o risco de que fique tudo para depois das eleições”.
Ainda durante a entrevista, Protógenes destacou que a CPI do Cachoeira investigará um dos maiores escândalos deste país, Segundo ele, a indícios de envolvimento de parlamentares com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em fevereiro deste ano.
Caso Demóstenes Torres
Na semana passada, gravações telefônicas colhidas pela Polícia Federal apontaram que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) manteve relações com o Carlinhos Cachoeira.
O senador é acusado de usar seu mandato parlamentar a serviço do crime organizado e já está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo denúncia da PR, em setembro do ano passado, Demóstenes ajudou a abrir portas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para representantes de um laboratório farmacêutico que é controlado por Cachoeira.
As gravações, cujo conteúdo foi publicado pelo jornal "O Globo", também apontam que o senador discutiu com Cachoeira um projeto de lei que transforma em crime a exploração de jogos de azar, nomeações de funcionários do Senado e o andamento de um processo judicial de interesse do empresário em Goiás.
As conversas gravadas pela PF também mostram que o senador tinha intimidade com Cachoeira. Demóstenes chamava o empresário de "professor" e era tratado como "doutor".