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Greve em Belo Monte entra em seu 6º dia no Pará

A greve no canteiro de obras da Usina de Belo Monte (PA) completa nesta terça-feira (3) seis dias. Segundo a Central Sindical Popular, da Coordenação Nacional de Lutas (CSP-Conlutas), entre 20% e 30% dos trabalhadores aderiram à greve. Já o Movimento Xingu Vivo para Sempre, contrário à construção da Usina de Belo Monte (PA), afirma que, hoje, que grande parte da mão de obra permanecem de braços cruzados.

“Não saíram 2 mil trabalhadores para a obra”, disse a representante da entidade Ana Laíde, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, referindo-se às pessoas que compareceram ao trabalho. No canteiro atuam cerca de 7 mil trabalhadores.

Na terça-feira (10), está prevista uma reunião entre o consórcio e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav), ligado à Fenatracop.

O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) nega que a paralisação continue e afirma que as cinco frentes de trabalho para a construção da usina hidrelétrica no Rio Xingu (sítios Belo Monte; Pimental; canais e diques; as unidades de infraestrutura e de porto e acesso) estão funcionando normalmente.

Motivação política

Na segunda-feira (2), o presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Fenatracop), Wilmar Gomes dos Santos, observou que os protestos ocorridos no sábado, com barricadas para impedir a ida de trabalhadores aos canteiros de obras, foram promovidos por razões políticas e não por questões trabalhistas.

O representante da Central Sindical Popular, que está em Altamira para acompanha o movimento grevista, nega a motivação política e afirma que entre as reivindicações dos trabalhadores estão o aumento das remunerações; a redução do intervalo de visita à família (a cada 90 dias e não 180); melhoria na qualidade da comida e da água fornecida pelo consórcio aos empregados; o pagamento de horas extras aos sábados, e melhoria no transporte.

A CSP-Conlutas e o Movimento Xingu Vivo para Sempre questionam a representatividade do sindicato, contrário às reivindicações do comando de greve.

"O Xingu é solidário a esse grupo [comando de greve]. E quem está fazendo a greve são os trabalhadores. Eles [trabalhadores] estão fazendo abaixo-assinado contra esse sindicato que não está representando a categoria. Cada um dos 7 mil trabalhadores tem descontados, em folha, R$ 34. Por mês, são mais de R$ 200 mil. Eles [Sintrapav] estão pegando recursos dos trabalhadores para serem contra os próprios trabalhadores.”

A expectativa é que a arrecadação do Sintrapav cresça significativamente no próximo ano, quando 21 mil trabalhadores estarão formalmente empregados pelo consórcio.

Iniciativa

Hoje à tarde, no Palácio do Planalto, será instalada a Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção. Os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República; e Paulo Roberto dos Santos Pinto, do Trabalho e Emprego, responsáveis pela coordenação da Mesa, participam do evento.

A expectativa de Atnágoras Lopes, que participa do grupo, é que a situação de Belo Monte venha a ser discutida. Além dos trabalhadores, participam da negociação representantes do governo e patronais  – como Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada e Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

Prisão

Um trabalhador da usina hidrelétrica foi preso na manhã de segunda-feira (2), durante uma ação da Polícia Militar (PM) local contra grevistas que pararam as obras da usina desde a semana passada. Ele permaneceu algemado numa picape da PM, pela manhã. Foram usadas bombas de gás e spray de pimenta. Segundo o portal do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, um helicóptero teria sido alugado pela Norte Energia para uso da Polícia e da Defesa Civil e sobrevoou o local com fuzis apontados para os operários.

Ainda de acordo com o movimento, por conta da greve o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) adiantou, ontem, o pagamento dos salários, previsto para quinta-feira (5).

A paralisação começou na quarta-feira (28) em um dos canteiros da obra. No mesmo dia, um acidente envolvendo um trabalhador levou um operador de motosserra à morte em outro canteiro. No dia seguinte, o movimento atingiu os demais canteiros, de acordo com o Movimento Xingu Vivo Para Sempre .

Fonte: Agência Brasil e Movimento Xingu vivo Para Sempre