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Embaixador iraniano diz que país resiste a ameaças

O novo embaixador do Irã no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeg Ezabadi, chamou os Estados Unidos e Israel de "tigres de papel" e afirmou nesta quinta-feira (29) no Rio que Israel "não tem coragem de atacar" seu país porque uma ação do tipo terá "resposta do mesmo nível".

Em declaração à imprensa Ezabadi afirmou que relatou que essa onda de ameaças não é nova.

"Há 30 anos ouvimos. De certa forma chegamos ao limite de nossa paciência. Ameaças têm que ser respondidas com ameaças. Se formos atacados, nossos mísseis darão uma resposta forte", afirmou.

Relações bilaterais com o Brasil

O embaixador reafirmou que as relações entre Teerã e o governo Dilma continuam tão boas quanto na época do presidente Lula, cuja "coragem" elogiou. Ele convidou a Petrobras a investir em seu país. "Há muitas empresas estrangeiras ali. É o momento de trabalhar no Irã", disse.

Ezabadi falou também sobre o boicote europeu à compra do petróleo do Irã, que deverá entrar em vigor em julho. Ele informou que nos próximos seis meses o país já tem clientela certa para sua produção petrolífera.

Com foco nas prioridades enunciadas pela presidente Dilma, o embaixador sinalizou que gostaria de incrementar as relações com o Brasil em ciência, tecnologia e no intercâmbio de estudantes, citando o programa federal Ciências sem Fronteiras (que financia bolsas de estudo no exterior).

Segundo ele, atualmente o Irã desenvolve pesquisas avançadas no uso de células-tronco na medicina, em nanotecnologia, biotecnologia e na área aeroespacial. "Há pontos comuns entre nós. Se conseguirmos completar um ao outro teremos um papel crucial no mundo atual."

Energia nuclear

Sobre a campanha imperialista, ampara pela mídia, Ezabadi reafirmou que o Irã o decreto do aitolá Khomeini, líder da Revolução Islâmica de 1979, contra a bomba atômica, e que o Irã não acredita que possuir o armamento seja sinônimo de segurança.

"A Rússia tem mais de 10 mil ogivas e não conseguiu permanecer no Afeganistão. As bombas não evitaram o colapso da União Soviética nem o fim do apartheid na África do Sul. Os EUA têm 8.000 ogivas e não conseguiram ficar para sempre no Iraque. Nós acreditamos que o que faz a segurança de um país é a força de sua população. Estamos convencidos de que a bomba atômica não traz poder a ninguém."

Ele acrescentou que o país explora a energia nuclear porque acha importante ter fontes energéticas alternativas e dominar a tecnologia. E questionou o porquê das nações mais poderosas sempre tentarem privar os outros países dessa ciência.
“Defendemos a tecnologia nuclear para fins pacíficos para todo mundo e a bomba atômica para ninguém."

Despertar islâmico

Ezabadi chamou as revoltas árabes de "despertar islâmico" e citou o caso do Egito.
Ele previu uma aproximação crescente entre os governos iraniano e egípcio. Disse que os EUA estão sendo forçados a se afastar da região. "Eles tentaram segurar Mubarak e não conseguiram, tentaram segurar o Exército, treinado por eles, e não conseguiram."

Sobre a Síria, o embaixador reafirmou a aliança com líder Bashar Assad.

O embaixador destacou que Assad tem "a maior parte da população, o Exército e a elite a seu favor", o que demonstra a visão destorcida que o resto do mundo tem daquela nação. Ele acusou "cinco países estrangeiros" de armar grupos dentro do país.

Ezabadi criticou a intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia. "Vocês acham que as mortes causadas pela Otan foram menos do que os que dizem que Gaddafi matou? Acreditamos que o povo líbio tinha que decidir seu próprio futuro”, finalizou o embaixador.

Com informações da Folha