Senadores aprovam apoio a Cuba e rejeitam intromissão no país
Os senadores entraram em uma polêmica votação na Comissão de Relações Exteriores nesta quinta-feira (22). Dois requerimentos apresentados pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre Cuba dividiram as opiniões. No final, foi aprovado o requerimento que pede aos Estados Unidos o fim do bloqueio econômico e comercial à Cuba e para que libertem cidadãos cubanos que se encontram presos em seu território.
Publicado 23/03/2012 15:35
O segundo requerimento, que foi rejeitado pela maioria dos membros da comissão, pedia ao governo cubano indulto geral aos aprisionados por posicionamentos políticos ou de consciência e autorize todos os seus habitantes a poderem entrar e sair de seu país, mesmo aquele que criticam o regime politico estabelecido na ilha.
Os senadores fizeram distinção entre os dois requerimentos, avaliando que o primeiro trata de questão envolvendo a relação de um estado com outro – dos Estados Unidos com Cuba. Com relação ao segundo requerimento, foi analisado como uma intromissão na soberania do país.
“Quando adentramos na questão dos aqui intitulados no requerimento como presos políticos ou na situação da blogueira Yoani Sánchez, estamos adentrando na questão interna de Cuba. Não há uma relação envolvendo dois estados; é uma relação eminentemente de Cuba”, atestou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Ele insistiu em dizer que, no caso do segundo requerimento, “estamos dizendo para Cuba quem deve manter preso e quem não deve manter preso. Parece-me um excesso de nossa parte. Quando estamos interferindo na relação de Cuba com outra nação, quando há também as consequências do bloqueio, inclusive humanitárias, estamos falando de uma relação que tem ingerência e interferência na relação externa do Brasil”.
Para os senadores, o bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba interfere na vida do brasileiro, porque um cidadão brasileiro tem dificuldades para se deslocar para Cuba em virtude do bloqueio imposto pelos Estados Unidos.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que votou a favor do primeiro e contra o segundo, lembrou que “as Nações Unidas já decidiu, em sua assembleia anual, fazer um apelo a que cesse esse bloqueio, porque quando um país sofre tanta dificuldade como sofre Cuba, boa parte por conta desse bloqueio, falta dinheiro na saúde, falta dinheiro em diversos setores. Então, não tenho dúvida, sou totalmente a favor”
Quanto aos cinco cubanos presos nos Estados Unidos, a senadora explicou que “a acusação que os levou à prisão é porque eles estavam nos Estados Unidos, trabalhando para o governo cubano no sentido de evitar atentados terroristas. Nunca mataram, nunca soltaram uma bomba, nunca tiraram uma vida, absolutamente”.
Eles estavam lá para evitar novos atentados dos estados Unidos contra Cuba e evitaram efetivamente, destaca a senadora. Eram atentados em hotéis cubanos para afugentar os turistas. E o turismo foi a saída que Cuba encontrou para superar os problemas causados pelo bloqueio econômico.
O senador Randolfe Rodrigues também fez defesa do fim do bloqueio, que considera uma medida injusta. Ele avalia como desproporcional a dimensão dos dois países, destacando o poderio, político e bélico dos Estados Unidos em relação a Cuba. “E é desproporcional o bloqueio imposto do ponto de vista histórico. Na história moderna, não se tem conhecimento de nenhuma nação contra a qual tenha sido colocado um bloqueio econômico e político que demorasse tanto tempo: 53 anos”.
Ele também defendeu a soltura dos cinco cubanos, enfatizando que eles foram presos em uma reação do estado cubano a ações terroristas dos Estados Unidos, que mobilizava cubanos dissidentes que vivem em Miami. “Não há uma prova sequer de nenhum atentado cometido por esses cubanos contra o estado americano, contra cidadãos norte-americanos. É mero capricho. E aí é concretamente capricho eleitoral do lobby presente dos cubanos que moram na Flórida para a manutenção da prisão desses cinco”.
De Brasília
Márcia Xavier