PCdoB 90 anos: compromisso com a conquista do socialismo
Karl Marx e Friedrich Engels anotaram, na seção IV do Manifesto do Partido Comunista de 1848, a diferença fundamental entre o Partido Comunista e os demais partidos proletários: eles lutam simultaneamente “para alcançar os fins e interesses imediatos da classe operária mas, no movimento presente, representam simultaneamente o futuro do movimento”.
Por José Carlos Ruy
Publicado 20/03/2012 12:09
É uma constatação essencial, que se mantém nestes 164 anos que separam a publicação do Manifesto da comemoração dos 90 anos do Partido Comunista do Brasil. E registra a grandiosa missão que os comunistas brasileiros anotaram já no primeiro estatuto do Partido, aprovado naquele longínquo congresso de fundação, ocorrido entre 25 e 27 de março de 1922. Seu artigo 2º dizia: “O Partido Comunista tem por fim promover o entendimento e a ação internacional dos trabalhadores e a organização política do proletariado em partido de classe para a conquista do poder e conseqüente transformação política e econômica da Sociedade Capitalista em Sociedade Comunista”.
O tempo, a experiência, as lutas, erros e acertos destes 90 anos tornaram mais precisa a compreensão desta tarefa histórica, da qual o Partido nunca abriu mão.
Iluminado por este objetivo duplo – unir e organizar os trabalhadores em suas lutas atuais, de olho em seus objetivos futuros – o Partido Comunista do Brasil teve uma participação intensa na história republicana, deixando sua marca nas conquistas democráticas e avançadas alcançadas pelos brasileiros. Não há luta popular, operária, democrática, patriótica, nestes 90 anos, que não tenha tido a participação e o empenho de um comunista que lá estava para levantar a bandeira vermelha do futuro na exigência por uma conquista imediata.
A experiência acumulada nestes noventa anos cristaliza-se no programa que o PCdoB defende hoje, o Programa Socialista aprovado em seu 12º Congresso (2009) que resume aquelas duas dimensões históricas na formulação que define o caminho (a defesa do Novo Programa Nacional de Desenvolvimento) e o rumo (a conquista da transição para o socialismo).
Foi um duro aprendizado, fertilizado pelo sacrifício e pelo sangue de tantos heróis comunistas nestes noventa anos. Brasileiros que nunca recuaram ante os desafios grandiosos que o Partido se propôs sendo instrumento da luta transformadora do povo e do proletariado.
Mas o fundamental é que nunca abriu mão daquele duplo objetivo. Oscilou muitas vezes, é certo, entre a ênfase nos objetivos imediatos, resvalando para o reformismo; outras vezes, no polo oposto, proclamou a urgência dos objetivos futuros, caindo no sectarismo e na estreiteza política.
Foram vicissitudes que o PCdoB aprendeu a superar e hoje, maduro e afinado com os desafios contemporâneos, se propõe – moderno e atualizado – como instrumento da nova luta pelo socialismo, com a radicalidade da certeza de que a construção do futuro socialista é possível e necessária, e a firmeza da luta presente pelo desenvolvimento nacional, pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores, pela ampliação da democracia e pela paz entre os povos.
Foram noventa anos de muita luta mas também de muitas vitórias. Sendo o mais longevo partido entre as agremiações brasileiras em atividade, é também o mais jovem, com forte e radiante presença da juventude entre seus quadros, enraizado como nunca esteve no movimento social, nas lutas do povo e dos trabalhadores, na luta ideológica em busca de uma compreensão mais radical e científica das contradições do Brasil e do mundo contemporâneo.
São noventa anos que permitem ao Partido Comunista do Brasil orgulhar-se, nesta data, de ser o partido radical e conseqüente das mudanças que o s trabalhadores e o proletariado exigem e lutam por elas. O Partido das lutas de rua e do chão de fábrica, das lutas nos parlamentos e nos governos, nas academias e na mídia. Das lutas que ligam o presente e o futuro anunciando a iminência de uma nova civilização, o socialismo.