Governo precisa direcionar agenda no Congresso, diz Renato Rabelo
Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, atribuiu a crise entre o governo da presidente Dilma Rousseff e sua base aliada no Congresso Nacional à falta de uma agenda governamental clara de projetos a serem discutidos no parlamento. Para Renato, os altos índices de aprovação da presidente, somados à ampla base de apoio, dão condições a Dilma de impor um plano de reformas ao Congresso.
Publicado 19/03/2012 18:39
"O mais importante é a presidente dizer qual é a agenda do governo para o Congresso. Se ela tem tanta força, por quê não faz isso?", questionou. E advertiu: "Sem projetos e planos definidos, se estabelece a política do toma lá, dá cá".
Renato Rabelo destacou a personalidade forte de Dilma, que imprime sua marca na condução política do país. Mas, é preciso uma interlocução política mais eficiente junto ao parlamento.
"Todo mundo fala disso (dos ruídos de interlocução) e têm razão. Saiu (Antonio) Palocci, aí não teve um interlocutor que tivesse uma autoridade para representá-la. Então ela própria tem de fazer isso (a interlocução)", destacou o presidente do PCdoB.
Rabelo avalia como correta a postura de Dilma ao fazer prevalecer sua autoridade perante os partidos aliados, mas é preciso que o governo direcione seus trabalhos nas casas legislativas.
"Numa coalizão tão ampla como essa, você precisa ter projeto e plano", disse Renato, que defende uma integração maior da base aliada ao governo. "Todo partido tem de participar, isso é universal", reforçou.
O líder do PCdoB citou alguns temas importantes que o governo precisa incluir em sua agenda, como a reforma tributária e questões emergenciais como o estabelecimento de um plano para conter a desindustrialização.
"Nós achamos que temos de avançar. Tem de ter uma agenda. Já que ela tem uma força política grande e tem o Lula por trás, por que não estabelecer uma agenda clara? Nós temos muitos desafios", reforçou o dirigente comunista.
O presidente do partido ressaltou a lealdade do governo Dilma com a legenda, lembrando a postura da presidente da República quando Orlando Silva deixou o Ministério do Esporte.
"Nunca nos incomodamos com a questão do Orlando e a presidente foi muito leal com ele. Na época, ela falou que o PCdoB não podia sair do Ministério. E em poucos dias indicou o Aldo Rebelo. Quer mais lealdade que isso?", pontuou Rabelo.
Ele frisou que Orlando e o PCdoB foram vítimas de uma armação para criminalizar o partido. Orlando Silva foi acusado de maneira leviana, sem provas, de participar de um esquema de desvio de dinheiro público do programa Segundo Tempo, do ministério.
Com Agência Estado