Caos no Afeganistão e as eleições nos Estados Unidos
O massacre empreendido por um soldado americano no último domingo (11), que levou a morte 16 afegãos, destes 9 crianças e 3 mulheres, desencadeou uma onda de revolta no Afeganistão contra os Estados Unidos.
Publicado 15/03/2012 09:32
Segundo informações da imprensa Afegã, ao todo foram 16 civis mortos e 6 com ferimentos graves. Após pouco mais de uma década de guerra e em meio a tensões crescentes entre Cabul e Washington, o debate sobre a retirada das tropas torna-se mais intenso a cada ataque.
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Em nota à imprensa, o presidente afegão Hamid Karzai exigiu uma explicação de Washington e disse que o ataque se configura como “um ato desumano e intencional”. Ele também deixou claro que por se tratar de um assassinato intencional de civis inocentes o ato não será esquecido.
Os editores do ODiário.info publicaram nesta quinta-feira (15) nota externando sua opinião sobre a caótica situação que sofre o Afeganistão. Segundo eles, o país vive mergulhado em instituições corruptas que intensificam a crise e aumentam a fome e sofrimentos dos povos afegãos.
A nota destaca que todos os ataques ao Afeganistão podem cobrar sua conta durante as eleições norte-amecanas, pois 50% dos eleitores americanos são favoráveis à retirada das tropas americanas do Afeganistão. Além disso, a cota de popularidade do presidente caiu para 41% após os ataques.
Conheça a nota na íntegra:
A situação existente no Afeganistão é caótica. Os últimos acontecimentos fizeram ruir o projeto de uma retirada negociada das tropas de ocupação que preservasse a imagem dos EUA no mundo.
Nas bases norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) alastra-se uma atmosfera de derrotismo e desorientação.
A chacina de 16 camponeses na Província de Kandahar por um sargento provocou no país uma vaga de indignação. Nas semanas anteriores soldados americanos tinham urinado sobre cadáveres de afegãos por eles abatidos, oficiais do exército queimaram exemplares do Alcorão no pátio de uma base militar, um grupo de marines desfraldou em publico uma bandeira com a suástica nazi.
A reação afegã gerou pânico no Pentágono. Sucederam-se manifestações de protesto em todo o país. Dois oficiais superiores dos EUA foram mortos a tiro no Ministério do Interior numa zona de alta segurança. O alto comando norte-americano, alarmado, proibiu a partir de agora a presença dos seus militares em qualquer tarefa de cooperação em edifícios do governo afegão.
Como podem os EUA e a Otan – pergunta-se em Washington – preparar os 300 mil homens do exército e da polícia do Afeganistão aos quais seriam transferidas no próximo ano as responsabilidades da “Segurança” se os recrutas matam os seus instrutores?
O balanço de onze anos da guerra afegã é desastroso. A maioria do território está sob controle da Resistência (na qual lutam inclusive quadros do Partido Popular marxista da Revolução). As tropas estrangeiras, em muitas cidades, somente saem dos quartéis para realizar patrulhas.
Todos os projetos de reconstrução econômica e política fracassaram. As plantações da papoila do ópio e a produção de heroína aumentam sob a proteção de altos funcionários ligados ao narcotráfico; a corrupção mergulha as raízes nos próprios Ministérios; a fome é uma realidade em muitas províncias.
Sondagens recentes promovidas nos EUA revelam que mais de 50% dos eleitores são favoráveis à retirada das tropas americanas do Afeganistão antes de 2014.
As desculpas hipócritas do presidente Obama pelos últimos crimes cometidos no país não alteram a realidade. A cota de popularidade do Presidente caiu para 41%.
O caos afegão força o sistema de poder imperial a rever toda a sua estratégia para a Ásia Central e o Médio Oriente. A campanha para a reeleição de Obama pode ser decisivamente afetada pelo rumo dos acontecimentos no Afeganistão.
Os Editores do ODiário.info
Fonte: ODiário.info