Luciana avalia o papel e os atuais desafios da mulher
Publicado 09/03/2012 09:00 | Editado 04/03/2020 16:57
“Nós não podemos falar de democracia no País, sem falar dos espaços de decisão política que precisam cada vez mais refletir o jeito que a sociedade é. Hoje as mulheres já tem um papel muito importante na vida real, na construção do nosso País, aliás, sempre tiveram, mas nunca tiveram visibilidade, nunca foram valorizadas, e nós precisamos fazer um esforço para que essa visibilidade venha à tona, para que a História oficial possa demonstrar a força do papel público e político que as mulheres sempre tiveram, para que possamos dar a dimensão real dos desafios que a população brasileira tem”, afirmou a deputada federal Luciana Santos ao participar da sessão solene realizada na manhã desta quinta-feira (08) pela Assembleia Legislativa de Pernambuco para celebrar o Dia Internacional da Mulher e os 80 anos do voto feminino no Brasil.
Em seu pronunciamento, Luciana lembrou o pioneirismo das sufragistas comandadas por Bertha Lutz, em 1932, bem como o papel das mulheres nordestinas, com destaque para Alzira Soriano, que em 1928 se elegeu prefeita do município de Lajes, no Rio Grande do Norte, a primeira mulher a ocupar o cargo no Brasil e na América Latina.
“Quando a gente olha para os 80 anos do voto feminino em um País que tem 500 anos revela o quanto às conquistas, as luta das mulheres, se dão em um tempo tão curto. Mas, apesar disso, nós temos hoje pela primeira vez na História uma mulher comandando o Brasil. Dilma Rousseff é uma mulher temperada, forjada nas lutas políticas deste País e não é à toa que o ex-presidente Lula a escolheu como sua sucessora, exatamente por sua trajetória política e profissional, por sua capacidade de trabalho”, disse.
“Eu penso que talvez não tenhamos como mensurar o simbolismo, o significado que isso carrega, mas que, sem dúvida, dá uma nova perspectiva às mulheres. Dá a perspectiva de que as mulheres podem, vão fazer e estão fazendo muita coisa neste País, e esta seria uma dimensão grande que temos tem na etapa da atual historia da vida brasileira”, completou Luciana, citando ainda mulheres como Cristina Kirchner, presidente da Argentina, e a deputada comunista Adalgisa Cavalcanti, pernambucana, eleita em 1947, sendo a quinta mais votada de seu partido.
Mulheres comunistas
Sobre a atuação das mulheres comunistas, Luciana destacou o fato de a bancada feminina do PCdoB ser oficialmente a maior bancada, no Congresso Nacional. “Nós temos 14 deputados e seis deputadas federais. Nós somos um partido que procura valorizar o papel das mulheres, tanto que nos principais Estados do País, Estados estratégicos, de força eleitoral, as presidentes dos partidos são mulheres, a exemplo do Rio de Janeiro, São Paulo e do Amazonas. É um partido político que tem uma cara feminina, uma identidade feminina, que procura também fazer vale a luta por conquistas contundentes exatamente por que compreender o papel das mulheres”.
Ela lamentou, no entanto, a baixa representatividade feminina no conjunto do Congresso Nacional, bem com nos espaços de poder. “Hoje nós ainda ocupamos um espaço pequeno no Congresso Nacional. Na Câmara, dos 513 deputados apenas 46 são mulheres. No Senado, a situação é um pouco melhor, somos 13% da Casa. Eu tive a honra de ser prefeita de Olinda, uma cidade que também é muito vinculada à luta das mulheres. A prefeita que eu sucedi era uma mulher, Jacilda Urquisa (PMDB). Fora isso nós temos lá Brites de Albuquerque, que foi a primeira mulher donatária das Capitanias Hereditárias do País, o que revela uma mulher também bem à frente do seu tempo. Mas, mesmo assim nós estamos muito distantes de garantir uma divisão democrática dos espaços de poder.”
Combate às desigualdades
Segundo ainda Luciana, os indicadores da situação de desigualdade das mulheres são desanimadores. “Nós somos já a sexta economia do mundo, o ano passado, nos empregos formais, as mulheres foram as que mais cresceram, com 75% das vagas do mercado de trabalho, nós somos mais da metade da população brasileira, somos a metade da classe C no País, somos também mais de um quarto dos chefes de família e 40% da população economicamente ativa deste País. Mas, em compensação nós também amargamos uma situação de salários desiguais em funções iguais; embora sejamos a maioria dos universitários do Brasil ainda faltam espaços nas atividades mais dinâmicas da economia, como, por exemplo, na área de Ciência e Tecnologia, onde ocupamos espaços muito aquém do que poderíamos ocupar”, destacou.
A parlamentar comunistas ressaltou as muitas bandeiras de lutas das mulheres que estão em curso. “Nós precisamos persistir com muita determinação. Recentemente, requeri à Mesa Diretora do Congresso Nacional autorização para que a CPMI da Violência contra a Mulher, que é presidida pela deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), venha a Pernambuco ainda este mês para um mutirão sobre a aplicação da Lei Maria da Penha. Além dos membros da CPMI, virá ainda a procuradora especial da mulher, que é a deputada Elcione Barbalho (PMDB/PA). A realização desse mutirão está sendo acertado também com o governador Eduardo Campos”.
Luciana revelou ainda que na manhã desta quinta-feira (08) iniciou conversação com o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Guilherme Uchoa (PDT) e com o deputado Luciano Siqueira (PCdoB) no sentido de incorporar ao Regimento Interno da Casa a figura da procuradora da mulher.
Segundo ela, a ideia é que essa Procuradoria acompanhasse as políticas públicas para as mulheres, o cumprimento da Lei Maria da Penha, bem como as questões que dizem respeito ao cotidiano das mulheres. “Trata-se de uma ferramenta que a Assembleia passe a ter para desenvolver essas ações”, avaliou.
Fonte Site de Luciano Siqueira