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José Inácio Werneck: Três belicistas, um santarrão, um esquisitão

Amigos, esta é a descrição mais sucinta que se pode fazer no momento dos três principais candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos: todos os três querem bombardear o Irã, um não se cansa de papar missas e o outro viajou um dia de Massachusetts ao Canadá com o cachorro da família amarrado no teto do carro.

Por José Inácio Werneck, no Direto da Redação

Há um quarto, no momento a rápido caminho do ostracismo: Ron Paul, que quer acabar com o Banco Central (o Federal Reserve Bank), expurgar do orçamento toda e qualquer menção de gasto público – não se sabe como receberá seu salário de presidente, caso eleito – e adotar outra vez o lastro de ouro para o dólar.

É bem verdade que, em decorrência de seu horror a qualquer gasto, Ron Paul opõe-se a bombardear o Irã. Ele quer cortar a ajuda dos Estados Unidos aos países estrangeiros, aí incluído Israel. Uma posição que, é claro, irrita profundamente o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, pois Israel não resistiria muito tempo se não dispusesse do dinheiro dos contribuintes americanos para seus gastos civis e militares.

Os americanos não sabem a sorte que têm em contar no momento com um presidente moderado como Barack Obama – imaginem, ele que é reiteradamente chamado de radical pela direita. Obama compreende que o país não pode mais embarcar numa aventura do tipo Afeganistão e Iraque.

Uma recente pesquisa de professores universitários revelou por sinal que Barack Obama é o presidente mais centrista eleito pelos democratas desde a Segunda Guerra Mundial. Perde apenas para Franklin Delano Roosevelt, que governou o país durante os tempos da Depressão e da Guerra, e cujo plano econômico, o New Deal, resgatou a atividade econômica.

O Plano de Estímulo de Barack Obama não foi tão vigoroso quanto o New Deal, mas mesmo assim há indícios de que a economia dos Estados Unidos começa a crescer outra vez, ao contrário do que se passa em países europeus engolfados pela onda de austeridade.

Austeridade que os republicanos insistem em prometer nas primárias de seu partido – excetuando-se, claro, as aventuras militares. Newt Gingrich é apoiado por um bilionário intimamente ligado a Benjamin Netanyahu e deseja bombardear o Irã. Mitt Romney, o mórmon esquisitão que levou seu cachorro amarrado no teto do carro até o Canadá, já disse que vai bombardear o Irã, invadi-lo, depor os aiatolás, despachar um número imenso de porta-aviões para o Estreito de Hormuz.

Rick Santorum, para não destoar, também critica a “tibieza” ” de Barack Obama em relação ao Irã, e disse que teve vontade de vomitar ao ouvir o discurso de John Kennedy afirmando que raligião e governo não devem se misturar. Ele é um aiatolá da Igreja Católica, que nega às mulheres o direito de usar a pílula anti-concepcional. Acha que dar a todos a oportunidade do ensino superior é “esnobismo”.

Na verdade, o candidato considerado mais doido entre os republicanos, o excêntrico Ron Paul, é o que tem mais sanidade mental.

Ou malucos são mesmo os eleitores do partido?

*Jornalista e escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Publicou "Com Esperança no Coração: Os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos", estudo sociológico, e "Sabor de Mar", novela. É intérprete judicial do Estado de Connecticut. Trabalha na ESPN e na Gazeta Esportiva.