Marcha das Mulheres em Salvador clama por igualdade

A secretária Estadual de Políticas para as Mulheres, Vera Lúcia Barbosa, foi saudada esfuziantemente pelas participantes da marcha, já que a SPM, criada a quase um ano pelo governador Jaques Wagner, é uma das conquistas mais importantes das mulheres baianas nos últimos anos. “A criação da SPM é fruto de muitas caminhadas como estas e de da luta do movimento feminista. A nossa por políticas públicas é uma só, pois a gente sabe que os espaços institucionais só nos servem se tivermos um movimento forte”, afirmou.

Única representante baiana na Câmara Federal, a deputada Alice Portugal (PCdoB), também ressaltou a força da luta das mulheres para a conquista de mais direitos. “Hoje temos muito que comemorar. Nós que só conquistamos o direito ao voto há 80 anos, já elegemos uma presidente da República. Mas também, ainda temos muito a conquistar, já que ainda temos 35% da massa salarial dos homens e mesmo sendo a maioria entre as professoras e as aprovadas em concursos públicos, também somos a maioria das desempregadas e das subempregadas do país. Isso só mostra que a nossa luta por uma sociedade igualitária deve continuar, não apenas no 8 de Março, mas todos os dias”, disse a parlamentar que também é secretária estadual da Mulher do PCdoB na Bahia.

Música e protesto

Tendo como temas centrais a luta por igualdade de oportunidades, por mais representantes nos espaços de poder e pelo fim de toda forma de violência de gênero, a marcha do 8 de Março foi animada por dois trios elétricos, o principal deles animado pela cantora Cláudia Costa, que embalou a caminhada com canções em homenagem às mulheres.

As militantes dos movimentos sociais compareceram em massa à caminhada, levando suas bandeiras de luta e usando as suas camisetas coloridas. Esta diversidade de cores é, inclusive, uma das tradições da caminhada, que está em sua 25ª edição. “Estamos nas ruas, porque a nossa luta é das comerciárias, das estudantes, das operárias da construção civil, das donas de casa e de todas as mulheres. A nossa luta é para garantir que as mulheres não sofram mais com a violência, para acabar com essa ideia de que o corpo da mulher é uma propriedade do homem, para garantir igualdade e também mais espaço no poder”, falou a coordenadora da União Brasileira de Mulheres na Bahia, Daniele Costa.

As vereadoras Aladilce Souza e Olívia Santana, do PCdoB, além de Marta Rodrigues e Vânia Galvão, do PT, também participaram da caminhada, reforçando a necessidade das mulheres de Salvador se mobilizar para aumentar a bancada feminina na Câmara Municipal, que hoje conta com apenas seis representantes, em um universo de 41 vereadores. “Temos que comemorar o aumento no número de companheiras nos espaços de poder, mas temos muito mais a conquistar e vamos fazer deste ano, de eleições municipais, um ano de luta para melhorar Salvador e torná-la uma cidade mais igual”, acrescentou Aladilce.

Olívia Santana também reforçou a necessidade de mobilização das mulheres, principalmente por igualdade no mercado de trabalho, citando a pesquisa do Dieese que aponta que as mulheres da Região Metropolitana de Salvador ganham cerca de 25% a menos que os homens. “Neste 8 de março, nós temos que renovar o nosso compromisso de lutar por mais espaço no parlamento, mas também por igualdade em todos os campos da sociedade. É um absurdo que uma mulher ganhe menos que um homem para desempenhar a mesma função. Não podemos nos calar diante desta injustiça e vamos continuar buscando reverter esta situação.”

A marcha do 8 de março foi construída conjuntamente por mulheres do PCdoB, PT, PSB e de entidades dos movimentos sociais, que se revezaram no comando do evento. O PCdoB foi representado pela secretária Municipal da Mulher, Rosa Souza, uma das responsáveis pela condução da marcha, que saiu do Campo Grande e seguiu até a Praça Castro Alves, mesmo embaixo de chuva.

De Salvador,
Eliane Costa.