Perpétua destaca os desafios da Comissão de Relações Exteriores
Rio+20, reconstrução da base na Antártica, migração de haitianos para o Brasil, proteção da Amazônia e das fronteiras brasileiras, realização dos eventos esportivos internacionais. Esses são os primeiros desafios que a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) identifica ao assumir, na tarde desta quarta-feira (7) a presidência da Comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Deputados.
Publicado 07/03/2012 16:36
Para ela, o mais importante é garantir a participação da sociedade nos debates e discussões e na busca de soluções para os problemas brasileiros. “A gente pode e precisa resgatar – e o Aldo (Rebelo) fez isso muito bem, a 10, 12 anos, quando assumiu a comissão – a participação da sociedade, academia, os institutos … Fazer parcerias para que eles possam ajudar o Congresso a elaborar sugestões e propostas para o Brasil e ajudar o governo federal”, anunciou a parlamentar.
Ela disse ainda que “a ideia é combinar a atuação do Parlamento, que representa a sociedade brasileira, com as decisões de governo com relação à política externa. Identificar o que nos une para garantir a reafirmação da soberania nacional e os interesses do povo brasileiro. Esse será o nosso mote”.
De mãos dadas com a vizinhança
Perpétua avalia que muita coisa aconteceu nos últimos 12 meses no mundo e esses acontecimentos – revoltas nos países árabes, crise econômica na Europa e Estados Unidos – exige uma visão ampla da situação mundial. Mas ela destacou a importância de “manter o companheirismo e a relação de mãos dadas com a vizinhança”, lembrando que durante muitos anos o Brasil esteve de costas para a América do Sul e o ex-presidente Lula resgatou essa relação entre os países irmãos.
Logo no início dos trabalhos, a nova presidente pretende apresentar ao Presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS) a sugestão de criar uma delegação suprapartidária para participar da Rio+ 20. Ele defende uma discussão no evento de todos os assuntos de interesse do Brasil, sem focar só na questão ambiental ou de gênero, que são os temas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que acontece em junho no Brasil.
Ela anunciou ainda a pretensão de chamar seminários e conferências, “levando em consideração que essa comissão, como as demais, tem o papel de aproximar as comissões da sociedade, para debater assuntos como a reconstrução da base na Antártica, a realização com sucesso da Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo de 2014, a migração dos haitianos e a proteção das fronteiras, principalmente na floresta amazônica.
Solidariedade internacional
Sobre a migração dos haitianos, que entram no Brasil pelo estado do Acre, a deputada avalia que “ao mesmo tempo em que temos quer ser parceiros, solidários e humanitários, a gente precisa discutir “se o Brasil tem condições de assumir essa responsabilidade sozinha”. Ela pretende chamar um debate internacional sobre a responsabilidade do Brasil na migração dos haitianos. “A solidariedade desconhece limites territoriais”, afirma, defendendo a participação dos outros países na busca de soluções para a situação do Haiti.
“Vi momentos de agonia do governador de ver o Acre com tanta gente e tantas necessidades e tivemos que fazer um apelo ao governo federal para assumir sua responsabilidade de fronteira naquela região”, conta a deputada.
Para Perpétua, o fato da migração haitiana acontecer pela região amazônica exige um debate sobre a proteção das fronteiras brasileiras. “A gente se sente aviltado quando dizem que ela (floresta amazônica) deve ser internacionalizada, mas não é coincidência a entrada de haitianos pela região. O Brasil precisa demonstrar que pode cuidar da floresta amazônica”.
Na semana do Dia Internacional da Mulher, a deputada destacou o fato de ser a única mulher entre os dirigentes das 20 comissões temática da Casa e ser a terceira mulher a presidir a comissão em seus 76 anos de existência. Ela destaca que esses fatos representam um desprestígio às mulheres e que, o PCdoB, ao contrário, tem procurado prestigiar a mulher, aparecendo como exemplo para os demais partidos de como valorizar o espaço das mulheres.
Ela ressaltou ainda outro fato que considera simbólico. “Eu sou a única acreana que preside comissão, exatamente no ano do centenário do Rio Branco, que ajudou o Brasil a garantir suas fronteiras, tanto que a minha capital tem o nome de Rio Branco”, contou.
De Brasília
Márcia Xavier