Por Serra, PSDB adia as prévias e racha

A entrada de José Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo traz mudanças significativas no cenário pré-eleitoral. O ex-governador é bastante conhecido do eleitorado e, por isso, é de longe o tucano com melhor posição de saída nas pesquisas – 21% quando testado no Datafolha.

Serra

Além disso, desarticula a movimentação que o prefeito Gilberto Kassab fazia com o PT e atrai o PSD e a máquina municipal para o campo tucano.

Mas a postulação tardia pela vaga de candidato no PSDB também gera transtornos internos, a começar pelo sepultamento – se não formal, ao menos na prática – do processo de prévias, propagado pelo tucanato como última palavra em termos de modernidade e democracia partidária.

A reunião da executiva municipal do partido, convocada após a carta de formalização da entrada de Serra na disputa, pegou fogo quando foi à pauta o adiamento das primárias, marcadas até então para o próximo dia 4.

De um lado, os grupos que apóiam o ex-governador, fortalecidos pela desistência de Andrea Matarazzo e Bruno Covas. Do outro, tucanos ligados a José Aníbal e Roberto Trípoli, que se mantêm na disputa e criticam o "atropelo" do processo interno em prol de Serra.

Com apoio de Geraldo Alckmin, tudo se encaminhava para que a consulta aos filiados fosse postergada, consensualmente, em uma semana. No meio da reunião, o vereador Floriano Pesaro recebeu a orientação de que Serra prefiria que as prévias ficassem para o dia 25 de março e propôs nova alteração de data.

Foi o suficiente para o caldo entornar. A proposta de Pesaro passou, mas por 10 votos a 8, demonstrando profunda divisão interna. "O Serra está tratorando as bases do partido", esbravejou João Câmara, vice-presidente do diretório.

José Aníbal teria até ameaçado retirar a postulação e levar o problema para a convenção, responsável legal pela oficialização das candidaturas. O próprio presidente municipal, Júlio Semeghini, admite que será necessário trabalhar para "reconstruir a unidade" tucana, coisa que não se sabe se em algum momento existiu efetivamente.

PR cogita lançar Tiririca

Mais um lance na impresível disputa paulistana, ontem, o PR deixou no ar a possibilidade de apresentar nome próprio para a eleição. Seria o deputado e artista circense Tiririca – fenômeno eleito com mais de um milhão de votos em 2010, cerca de 460 mil na capital.

A candidatura própria do Partido Republicano seria, em tese, uma tentativa de evitar desgastes que adviriam do apoio a qualquer dos pólos, PT ou PSDB. Além do que, acreditam os dirigentes da legenda, poderia carrear votos para a bancada de vereadores.

De São Paulo, Fernando Borgonovi, com agências