Isaura Lemos: cartada do PCdoB para Prefeitura de Goiânia (GO)

Época: O seu partido é aliado do atual prefeito, que deve tentar se reeleger. Por que lançar uma candidatura própria?
Isaura Lemos: O PCdoB está há 30 anos na legalidade, mas ainda é um partido pequeno. Consideramos importante apresentar candidaturas próprias para mostrar a nossa cara, nossas ideias, nossa experiência. O prefeito é um aliado e fazemos parte da administração da capital. Mas, nesse momento, é importante ser cabeça de chapa.

Época: O que dirão na campanha para se diferenciar da gestão atual?
IL: Temos um histórico na luta por moradia e melhoria do transporte. Queremos discutir como otimizar a saúde e a educação. Minha campanha não será de crítica ao prefeito. Pretendemos ir além, melhorar gestão da cidade.

Época: Em que áreas?
IL: Na saúde, não é só falta de recursos. Existe um problema grave, a falta de compromisso com o paciente até o fim do tratamento. Se o cidadão não fica satisfeito com o tratamento que teve em um determinado hospital, ele procura um outro, talvez outro município. Isso torna o sistema ineficiente. Não há controle. Na educação, temos que resgatar o respeito ao professor. Não apenas com melhores salários, mas com mais qualidade. Na área de transportes, tivemos uma licitação em que ganharam as mesmas empresas que já operavam há 30 anos. Não há controle sobre as receitas e despesas dessas operadoras, não sabemos se é necessário aumentar a passagem e o serviço pouco melhorou. Se continuar como está, podemos municipalizar o transporte.

Época: O que a senhora projeta para o futuro da cidade?
IL: Um assunto pouco discutido é o potencial econômico de Goiânia. Até Paris, que é uma cidade turística das mais importantes do mundo, tem área industrial. Isso precisa ser debatido. Somos uma cidade próxima a Brasília, no centro do país, e temos uma vocação n indústria de confecção e moveleira. Mas poderíamos ser também um centro atacadista, por exemplo.

Época: A senhora diz que quer aproximar o cidadão da administração. Como?
IL: Queremos conscientizá-la sobre o que é o orçamento. O cidadão que conhece a realidade dos números conhece melhor o município. Temos que fazer como a dona de casa, que elege prioridades e zela para que os recursos sejam utilizados da melhor forma.

Época: A senhora tem aliados fora do PCdoB?
IL: Ainda não começamos esse trabalho. Vamos procurar os partidos que fazem parte da nossa base a nível nacional, como o PSB, PDT, PMN e PHS.

Época: O prefeito Paulo Garcia terá a máquina municipal a seu serviço. Leonardo Vilela (PSDB) terá o governador Marconi Perillo. Como enfrentá-los?
IL: Não tenho cabos eleitorais fortes como Perillo ou Íris Rezende (PMDB). Mas tenho o povo. A minha pré-candidatura sequer foi discutida e estou em segundo lugar nas pesquisas, se retirarmos o nome de Demóstenes Torres (DEM). Então temos muito potencial para crescer.