PSDB e DEM reafirmam aliança em SP; a direita busca um rumo
Mesmo sem descartar uma aliança com o prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) resolveu fustigá-lo durante evento do direitista DEM, partido de sua base de sustentação e com o qual Kassab rompeu para formar a nova agremiação.
Publicado 07/02/2012 06:53
Em ato organizado pelo DEM, em que estiveram em debate as estratégias da agremiação direitista para as eleições municipais em São Paulo e outros estados, o centro do ataque foi o prefeito Kassab, a quem não perdoam a dissidência, que consideram um ato de traição.
Em franca decadência ao longo da última década, o DEM tinha no prefeito de São Paulo uma esperança de renovação e conquista de espaços importantes de poder. Sonhava com o governo de São Paulo, quando o prefeito, vendo o barco afundar, deixou a legenda direitista e organizou o PSD. Hoje o novo partido faz no plano nacional uma política de aproximação com o governo da presidente Dilma e acena até mesmo com alianças com o PT em várias cidades, inclusive a maior do Brasil, São Paulo.
O governador Geraldo Alckmin logo no início de sua fala rasgou elogios à aliança histórica entre o PSDB e o DEM. Esta foi a aliança básica dos dois governos neoliberais e conservadores de Fernando Henrique Cardoso e das três campanhas presidenciais em que os tucanos foram batidos. Num esforço para alinhar forças em torno de uma plataforma de direita, o governador disse que seu partido, o PSDB, e o Democratas “têm princípios e valores em comum”. E aproveitou para fustigar Kassab: “Nós defendemos a democracia representativa, mas não a libertinagem partidária".
O evento do DEM serviu para dar um sinal de que os reacionários estão fazendo intensas articulações com vistas ao entendimento e à formação de um campo para a disputa eleitoral de 2012. Os dirigentes do DEM, inclusive o presidente nacional, senador Agripino Maia (RN), asseguraram ao governador apoio na eleição paulistana. O direitista senador potiguar derramou-se em juras de fidelidade a Alckmin. Afirmou que o governador paulista foi solidário ao DEM "nos momentos mais difíceis" e arrematou: "Se você não nos faltou, nós não lhe faltaremos".
O cenário eleitoral em São Paulo continua indefinido. O prefeito Gilberto Kassab tem declarado que apoiaria automaticamente seu padrinho político, José Serra (PSDB). Seu plano B é uma união de forças de centro e direita para apoiar o seu parceiro na fundação do PSD, o vice-governador de São Paulo Guilherme Afif Domingos. Diante da resistência do PSDB, o prefeito abriu conversações com o ex-presidente Lula e o PT, oferecendo seu partido para indicar o vice na chapa encabeçada pelo ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT). Em tempo: o encontro do DEM não aprovou um veto formal a uma aliança com o PSD. Em tempos pré-carnavalescos, os blocos mantêm à venda os seus abadás e ainda admitem a adesão de foliões.
Enquanto o governador paulista Geraldo Alckmin tenta unir o campo oposicionista conservador sob a sua liderança, dizendo que "é tão patriótico ser governo quanto ser oposição”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem reiterado apelos e cobranças para que o senador neoliberal e conservador mineiro Aécio Neves assuma de maneira mais agressiva a condição de líder nacional da oposição e de candidato à sucessão da presidente Dilma.
O ex-governador mineiro, que nunca teve coragem para nada, vacila e adia a decisão. Morre de medo de que a força do governo federal mate no nascedouro suas veleidades de chegar ao poder. Mas para não deixar seu mentor e a direita nacional totalmente na mão, vez por outra vai a público mostrar o seu reacionarismo, como num artigo publicado na última segunda-feira (6) no jornal Folha de S. Paulo, em que, usando uma linguagem de troglodita, que em absoluto não é a do gentil povo mineiro, atacou Cuba socialista, a esquerda e o governo Dilma pelas elevadas relações que mantêm com o país caribenho.
José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho