Reunida em Caracas, Alba avança na integração econômica
Em seu discurso de abertura da 11ª Cúpula da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba), o presidente venezuelano, Hugo Chávez, expressou que diante da crise estrutural do sistema capitalista, a região deve aproveitar as grandes potencialidades políticas e geopolíticas da Alba para lançar um projeto mais ambicioso na esfera econômica.
Publicado 05/02/2012 07:17
A Cúpula da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba) se realiza em Caracas neste final de semana coincidindo com os festejos do 20º aniversário da insurreição cívico-militar de 4 de fevereiro de 1992, liderada pelo então tenente-coronel Hugo Chávez. A rebelião foi um marco importante da Revolução Bolivariana.
Chávez se referiu ao debate sobre a criação do Espaço Econômico da Alba (Ecoalba) e a consolidação do Sistema Unitário de Compensação Regional de Pagamentos (Sucre), iniciativa “que já está funcionando bem mas que podía funcionar melhor e em uma dimensão maior”, disse Chávez.
O anfitrião do encontró destacou ainda a necessidade de a Alba establecer mecanismos de apoio para ajudar a irmã República do Haiti a superar a crise em que se encontra mergulhada.
Aliança de povos independentes
Para o presidente cubano, Raúl Castro, a Alba conseguiu consolidar-se como uma verdadeira aliança de povos independentes.
Eu creio que o trabalho realizado pelas cinco comissões que precederam a cúpula foi muito bom, mas em minha opinião o tema econômico é o mais importante, assinalou o mandatário.
Estamos satisfeitos pelas decisões tomadas – agregou – creio que vamos andar mais rápido se fazemos estudos de viabilidade. O tema básico é que a Alba tenha êxitos na questão econômica.
Em outro momento de sua intervenção, Raúl Castro se referiu à criação da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac) e sentenciou: “Considero que não há acontecimento político mais importante nos últimos 200 anos do que a criação da Celac mas é uma tarefa que exige muita paciência, muita compreensão”.
Nesse sentido, o presiente cubano realçou a importância de que entre os países seja respeitada a diversidade de ideias e as opiniões ou decisões que os diferentes governos adotem.
Vou cheio de otimismo, verdadeiramente estamos dando opiniões a todo o continente. É impossível não reconhecer os resultados da Alba e está demonstrado que há êxito, finalizou.
Malvinas e Síria
Os presidentes da Alba aprovaram resolução de apoio à Argentina na questão da disputa pelas Ilhas Malvinas entre o país sul-americano e o Reino Unido.
Por proposição do presidente equatoriano, Rafael Correa, os presidentes dos países do bloco discutirão próximamente a possibilidade de implementar sanções contra o Reino Unido por sua negativa ao diálogo e por ter desrespeitado mais de 40 resoluções da ONU.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aproveitou as discussões em torno do tema para recordar ao “império británico” que a Argentina não estaria sozinha em uma eventual confrontação pela soberania das Malvinas.
Chávez também qualificou como “ridículo” o envio do príncipe Guilherme, que foi enviado às ilhas do Atlântico Sul como parte de um exercício de rotina da Royal Air Force, a força aérea britânica.
“Chegam a posições tão ridículas como essa de mandar um príncipe às Malvinas”, ironizou.
Ainda ao tratar de temas internacionais no discurso de na Cúpula da Alba, Chávez disse que apoia o veto feito pela Federação Russa e a República Popular da China à resolução proposta contra a República Árabe Siria no seio do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Contra exclusão de Cuba
A Alba pautou uma reunião extraordinária em Cuba para tomar decisões em reação ao fato de que o país caribenho não foi convidado para participar na próxima Cúpula das Américas que se realizará na Colômbia.
O mandatário venezuelano, Hugo Chávez, propôs consultar a Colômbia, organizador da Cúpula das Américas, se Cuba está ou não convidada para depois ver como agir.
“Se não se convida Cuba à Cúpula das Américas, consideremos a hipótese de não participarmos dessa cúpula“, disse Chávez.
O presidente do Equador, Rafael Correa, levou à mesa de discussão o debate sobre avaliar a participação dos países da Alba na 6ª Cúpula das Américas, que se realizará em abril próximo em Cartagena de Índias, Colômbia, caso Cuba não seja convidada.
“É ilógico falar de Cúpula das Américas sem a participação de Cuba”, disse Correa pouco antes de propor que a Alba não vá à Colômbia, pois não convidar Cuba é uma medida injusta e excludente. A iniciativa crê que deve ser feita uma discussão sobre isso nos fóruns da Unasul e Celac.
Sua proposta gerou um interessante debate, sobretudo porque pouco antes o mandatário boliviano Evo Morales tinha solicitado uma reunião dos países integrantes do bloco regional, anterior ao encontro de Cartagena de Índias, que Morales justifica em atenção à ideia de comparecer com uma posição comum, pois segundo ele é nesses cenários que se deve defender os sagrados interesses da América Latina e Caribe.
Por sua vez, Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, disse que o chamado feito pelo presidente Correa foi oportuno, pois recordou que na 5ª Cúpula das Américas, efetuada em Trinidad y Tobago, não se chegou a esse país com uma ideia clara da agenda.
Nesse sentido, pediu que em caso de se concretizar a participação se consiga que as equipes que representam perante a OEA as nações integrantes da ALBA, possam influir na agenda de discussão, lembrando também que na edição passada da cúpula “os documentos, que nem discutimos e só conhecemos no lugar, foram elaborados pela burocracia da OEA”.
Ortega disse ainda: “Insistamos em incluir o tema da Argentina (o caso das ilhas Malvinas), o levantamento do bloqueio a Cuba e a existência do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR)”.
Raúl Castro, presidente de Cuba, interveio para agradecer o interesse e a solidariedade em um tema que é de especial importância para a ilha.
O mecanismo Cúpula das Américas inclui a participação dos 34 países que integram a Organização dos Estados Americanos (OEA), exceto Cuba.
A maior das Antilhas foi convidada a reincorporar-se à OEA em 2009, em Honduras, depois que foi levantada a suspensão que pesava contra ela desde 1962, mas Havana rechaçou incorporar-se a essa organização.
Fonte: Cubadebate