Alckmin cria gabinete antiprotesto para fugir de manifestantes
Depois de sofrer duras críticas e ser acusado publicamente – por diversas forças progressistas e representantes dos movimentos sociais – de promover no estado de São Paulo uma política repressiva e violenta, o Palácio dos Bandeirantes irá adotar um novo método para tentar driblar protestos em agendas do governador Geraldo Alckmin.
Publicado 31/01/2012 10:06
A política higienista de Alckmin na região da Cracolândia, centro de São Paulo, e a violenta ação da policial durante a desocupação da comunidade de Pinheirinho, em São José dos Campos, reforçaram nas redes sociais e no seio dos movimentos sociais o enfrentamento contra a política antidemocrática imposta pelo PSDB no estado.
Para evitar que o governador passe por saias justas e tenha que encarar frente a frente uma população cada vez mais insatisfeita com seu governo, foi ‘instituído’ o gabinete antiprotesto. O objetivo é vigiar as manifestações organizadas nas redes sociais – promovendo assim mudanças em sua agenda pública.
Nos últimos seis dias, Alckmin não foi a dois eventos em que sua participação estava prevista. Ambos foram marcados por atos contra o governo, detectados previamente pela subsecretaria de Comunicação e por um assessor de Alckmin.
O primeiro furo na agenda oficial foi na última quarta-feira (25) – aniversário de São Paulo –, quando o governador deixou de participar de missa na catedral da Sé pelo aniversário da cidade. A decisão foi tomada na noite que antecedeu o evento, após reunião com os secretários da Casa Civil e da Comunicação.
A missa ficou marcada pelas imagens do prefeito Gilberto Kassab sendo atingido por ovos atirados por cidadãos que protestavam contra a desocupação de Pinheirinho. Ciente da manifestação, e em mais uma demonstração de bravura, o governador preferiu se poupar e perguntou se o vice, Guilherme Afif Domingos, poderia representá-lo.
O mesmo aconteceu no último sábado (28), quando Alckmin faltou à inauguração da nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC). Também houve protesto na saída do evento, mas dessa vez, além de ovos, os manifestantes levaram sacos com chuchus para arremessar contra as autoridades.
Dessa vez, o eleito pelo governador para representá-lo junto aos manifestantes foi o secretário da Cultura do Estado de São Paulo, Andrea Matarazzo. No entanto, a escolha parece não ter sido a mais acertada. Matarazzo se descontrolou e discutiu com os manifestantes. Mais um lamentável episódio de um governo que parece não ter sido forjado na democracia.
Em nota, a assessoria de imprensa do governo negou que Alckmin tenha faltado à inauguração do MAC. Disse que o governador não havia confirmado presença tanto que cumpriu outra agenda, na região da Nova Luz. O texto diz ainda que Alckmin não foi à missa do aniversário de São Paulo "por uma questão familiar".
Em mais um exemplo de que o governo está desalinhado aos direitos democráticos dos cidadãos, a assessoria do governo chama os manifestantes de “grupelhos truculentos”.
Da Redação,
Mariana Viel – com informações da Folha de S. Paulo