Fórum dos Movimentos Sociais debate desafios e define bandeiras
Instalado no último sábado (21/01) durante a realização do 3º Encontro Estadual dos Movimentos Sociais, o Fórum Estadual dos Movimentos Sociais já iniciou sua atuação e definiu bandeiras que serão defendidas e apresentadas ao conjunto de frentes. Além disso, durante o encontro, foram definidos encaminhamentos de ações para o primeiro semestre deste ano.
Publicado 29/01/2012 19:49 | Editado 04/03/2020 16:30
Segundo Nágyla Drumond, Secretária Estadual dos Movimentos Sociais do PCdoB, a realização do 3º Encontro Estadual veio num momento importante para se mensurar quais as questões prioritárias dos movimentos sociais no Ceará. “Nossa atuação junto e em defesa da luta do povo é muito valiosa. Além disso, a instalação do fórum demarcará a posição política do PCdoB no leito dos movimentos sociais”.
Segundo a dirigente, a instalação do Fórum Estadual dos Movimentos Sociais surge como demanda de uma resolução nacional do PCdoB e será um espaço de debate teórico da ação dos comunistas nos movimentos sociais. “O fórum não tem simplesmente um caráter integrativo, de facilitar a comunicação política entre as diversas frentes e elencar bandeiras unificadas. Ele está além disso. Será um espaço constituído para, de fato, debater por que os comunistas precisam estar nos movimentos sociais, como contribuir na elaboração do projeto socialista, do plano nacional de desenvolvimento e ainda investigar como as lutas populares estão conectadas”.
Teoria aliada à pratica
Citando Lênin, Nágyla destaca os dois grandes desafios do fórum. “Não existe prática revolucionária sem teoria revolucionária. Teremos que encontrar caminhos de aliar a prática e a teoria em favor das ações dos movimentos sociais. Um não está em desacordo com outro, ao contrário. Eles se fortalecem”. A comunista destaca ainda que o fórum não terá uma atuação meramente ‘tarefista’, de cumprir agenda e unificar bandeiras. “Atos como o 8 de Março e o 1º de Maio, por exemplo, acontecem à nossa revelia. Nosso desafio é entender porque é importante estarmos lá. Precisamos fazer a relação entre classe, gênero e raça e aprofundar esta visão de entrelaçamento nas diferentes frentes”.
Nágyla também ressalta a importância de aliar a teoria à prática. “Faz parte do nosso desafio conscientizar os comunistas de que precisamos elaborar e estudar mais. A forma como os movimentos sociais atuam hoje é diferente de como ele aconteceu nos últimos 20 anos. E daqui pra frente essa atuação também não será da mesma maneira que vivenciamos ao longo do século 20. Surgiram novos movimentos sociais e as velhas formas de atuação precisam ser revisitadas”.
Legado comunista
A Secretária Estadual dos Movimentos Sociais destaca a importante aliança do PCdoB com o povo ao longo de sua história. “As pessoas vivem independente da nossa vontade. O povo não é propriedade de ninguém, de nenhum partido, da igreja, da mídia ou do Estado. Mas é importante que as pessoas percebam que a principal aliança que os comunistas podem fazer é com o povo brasileiro. Este sem dúvida é o nosso maior legado”. Nágyla reforça que este legado forte tem que ser lembrado como memória e também exemplo para formar as novas gerações. “As pessoas precisam ter a dimensão do que é a nossa história e como os comunistas têm atuado não só na política brasileira mas também no cenário internacional. E o fórum surge como ferramenta importante para isto”.
Nágyla destaca ainda que os movimentos sociais passam por alguns dilemas. “Como aliar uma agenda específica à uma bandeira unitária? Por outro lado, existe também a dificuldade de não pensar em questões gerais sem pautar questões imediatas, com diálogo e visões a médio e longo prazo. Não podemos nos perder entre a agenda específica de cada frente nem no discurso que não se operacionaliza na vida do povo”.
Campanhas
Durante a instalação do fórum foi discutida a necessidade de unificar bandeiras e tratá-las como grandes campanhas que precisam dialogar com o povo. “Teremos a tarefa de traduzi-las de modo a serem compreendidas pelas pessoas. Elas precisam estar convencidas de que são importantes e protagonistas de um grande projeto nacional de desenvolvimento”.
A luta pela redução dos juros, a redução da jornada de trabalho e garantir os 50% do fundo social do pré-sal e os 10% do PIB para educação são as principais bandeiras defendias pelo fórum. “Entendemos que um país rico, soberano e com mais igualdade social precisa melhorar os salários, garantir emprego e desenvolvimento. Duas dessas bandeiras são iniciativas do Senador Inácio Arruda, uma das maiores lideranças comunistas do nosso Estado”.
Nágyla destaca que perpassa pelas três campanhas do fórum o princípio de lutar pelas reformas estruturantes do país. “Dentre elas, uma das prioritárias é a questão da democratização da mídia. Estamos acompanhando o acirramento político e a constante criminalização dos movimentos sociais. É necessário reconhecer a democratização dos meios de comunicação como uma luta popular, nas suas mais diversas frentes”, defende.
Demandas do fórum
Após a instalação do Fórum Estadual dos Movimentos Sociais, já foram definidas algumas ações a serem encaminhadas durante o primeiro semestre deste ano. “Nosso primeiro esforço será fortalecer estas campanhas e dialogar com outras forças políticas na perspectiva de que possamos ampliar seu alcance”.
Outra questão pautada durante o encontro é o papel dos movimentos sociais nas eleições municipais. “Há quem considere esta a principal tarefa dos movimentos este ano, pois as principais batalhas sociais de 2012 passam pelo pleito municipal. Vários projetos políticos das cidades estão em jogo. Vamos nos organizar para a disputa eleitoral e avaliamos não haver impedimento entre as frentes de movimentos sociais e institucional”, avalia Nágyla.
Segundo a dirigente comunista, o PCdoB está consciente da batalha que se avizinha na frente eleitoral. “Nosso objetivo é aumentar nossa participação em prefeituras e câmaras municipais. E a nossa atuação nos movimentos sociais terá grande importância neste cenário. Iremos contribui para dizer ao conjunto do povo como o Partido governa. O PCdoB que panfleta na porta de fábrica é o mesmo que elege parlamentares e prefeitos”.
Nágyla destaca a estreita ligação PCdoB aos movimentos sociais ao citar as grandes lideranças comunistas que surgiram das lutas populares. “O Senador Inácio Arruda é um dos fundadores da Federação de Bairros e Favelas, sendo seu primeiro presidente. O parlamentar é uma referência de entidade nos movimentos sociais. Eliana Gomes, a primeira Vereadora comunista eleita em Fortaleza, também presidiu a entidade”. Citando os dois, Nágyla recorda ainda dos Deputados Federais Chico Lopes e João Ananias, do Deputado Estadual Lula Morais e do Vereador Chico Barbeiro, presidente da Câmara Municipal de Maracanaú. Em nome deles, nos referimos a todos os lutadores e lutadoras do povo que hoje são parlamentares”.
Diante deste cenário pré-eleitoral, destaca Nágyla, o Fórum Estadual dos Movimentos Sociais também deverá se engajar nesta luta. “Não há engessamento que nos impeça de também trabalhar na frente eleitoral. O vereador, prefeito ou gestor é, antes de tudo, um militante do povo. O PCdoB tem boa bagagem, o que faz com que seus mandatos e administrações se diferenciam dos demais. Temos como primeira intenção valorizar o serviço público, a consciência de democratizar a gestão das cidades e o compromisso com questões prioritárias como Educação, Saúde, Segurança e Mobilidade Urbana”.
Já existe calendário de atividades para o fórum neste primeiro semestre. Dias 6 e 7 de março, os comunistas deverão participar de um ato político durante as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), quando deverá ser definido o novo índice dos juros. Além disso, já começaram as articulações para o 8 de Maio, Dia Internacional de Mulher, e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador. “Também participaremos ativamente da programação em comemoração aos 90 anos do PCdoB”, ratifica Nágyla. O Fórum também atuará nos processos de Conferência Nacional do PCdoB sobre a questão da mulher e no congresso nacional da UJS.
O próximo encontro geral das entidades que fazem parte do Fórum Estadual dos Movimentos Sociais deverá ser em junho deste ano. “Até lá, realizaremos reuniões bilaterais entre as frentes como articuladores. Ratificamos que o fórum não substitui as secretarias específicas, que manterão seu funcionamento com planejamento de ações. O fórum será uma ferramenta para incentivar reuniões unificadas e ações dialogadas”. Até junho, acrescenta Nágyla, deverá ser aprovado pelo Comitê Central o documento com o balanço dos primeiros meses de atuação dos fóruns estaduais e debatida a atuação do PCdoB junto aos movimentos sociais.
De Fortaleza,
Carolina Campos