Comuna de Paris: quando o proletariado tomou o céu de assalto
O livro Comuna de Paris – o proletariado toma o céu de assalto, de Sílvio Costa, é relançado em coedição entre as editoras Anita Garibaldi, PUC-Goiás e Fundação Maurício Grabois. Ele situa o leitor no panorama histórico e os importantes fatos nele contidos e a correlação existente entre os acontecimentos, possibilitando-lhe tirar conclusões daqueles eventos.
Por Madalena Guasco Peixoto (*)
Publicado 25/01/2012 16:42
Na história da humanidade os acontecimentos se acumulam aos trilhões. Alguns se destacam, outros desaparecem em meio às inúmeras casualidades, próprias da maneira pela qual a história humana é tecida.
Compreender a importância de determinados fatos em relação aos demais — guardadas as necessárias correlações, quais sejam: retirar do particular o específico, buscando ultrapassar os limites estreitos do pontual, do cotidiano desprovido de lógica —, é tarefa científica, porque demanda o entendimento da história enquanto processo, conectada, não como uma sucessão de flashes, isolados; exige um mergulho no passado — por intermédio de uma análise —, de maneira a permitir que sejam destacados — entre tantos —, os fatos mais relevantes, os quais representam marcos que suscitam reflexões passíveis de atualização, todas as oportunidades que nos debruçamos sobre eles para estudo.
O interesse que move esse mergulho não é apenas teórico-abstrato mas é, sobretudo, ideológico, político e prático. Se o estudo histórico já tivesse sido entendido dessa maneira, a modernidade teria deixado um grande legado, não fossem tantos outros, os quais em nome do fim dessa modernidade e início de uma nova era — pós-moderna —, se reduzem metafisicamente aos dois extremos opostos, ou seja, simplificam o que é processo vulgarizando o estudo da história; pela negação da possibilidade do entendimento das relações e conecções de sua emaranhada teia.
Essa, portanto, tem sido a faceta mais sofisticada e sutil da proclamação do “fim da história”. Optar pelo estudo da história como ciência traduz-se numa escolha teórico- prática dentro da intrincada luta de ideias que ocorrida desde o final do século 20.
A Comuna de Paris é um estrondoso fato histórico, um enorme iceberg impresso na história da humanidade de forma definitiva, porque suscitou todos os tipos de registro e, desde aquela época, vem sendo estudado.
O próprio Karl Marx destacou a sua importância, retirando do que chamou "assalto aos céus" conclusões fundamentais, as quais vieram a compor-se como núcleo principal de sua teoria. No ano em que comemoramos 150 anos do Manifesto do Partido Comunista, a Comuna de Paris completa 127. E, a obra de Sílvio Costa nos ajuda a entender melhor a correlação entre estes dois relevantes acontecimentos.
Do Manifesto do Partido Comunista — programa maior, de luta pelo socialismo —, a construção em processo da teoria do proletariado decorre da análise das experiências históricas da tomada do poder pela classe operária.
O estudo da primeira revolução operária internacional, a Comuna de Paris, tem sempre relevância teórica. As reflexões que nascem desse estudo vão surgindo por meio da fácil leitura desta obra, Comuna de Paris: o proletariado toma o céu de assalto, dada a maneira didática como está construído o texto.
O trabalho de Sílvio Costa situa o leitor levando-o a entender o panorama histórico e os importantes fatos nele contidos e a correlação existente entre os acontecimentos, possibilitando ao leitor tirar as conclusões de tais ocorrências. Essa é uma preocupação que esta contida no corpo desta obra. Contudo, ela se expressa mais fortemente nos Anexos, apresentados em destaque ao final de sua edição.
A presente obra está marcada pelo empenho simultâneo de formar, informar e refletir. Trata-se de um cuidadoso projeto, o qual, ao ser publicado, traz em si a marca de um formador de opiniões, cujo estudo possui um objetivo prático: reflexão conjunta e crescimento mútuo.
Silvio Costa. Comuna de Paris – o proletariado toma o céu de assalto. São Paulo: Editora Anita Garibaldi; Goiânia : Editora PUC-Goiás, 2011
(*) Madalena Guasco Peixoto é professora na PUC-SP e Coordenadora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE).