Occupy Wal Street faz quatro meses com ato na Câmara dos EUA
O movimento Occupy Wall Street comemora nesta terça-feira (17) quatro meses de protestos e, apesar de ter sido removido da praça no coração financeiro de Nova York, segue disposto a intensificar suas ações com a proximidade das eleições de novembro. Para marcar a data, o grupo planeja uma grande concentração em frente à sede do Congresso, para acompanhar o reinício dos trabalhos da Câmara de Representantes depois do habitual recesso de fim de ano.
Publicado 17/01/2012 12:21
Os ativistas prevêem que esta seja uma grande manifestação, a fim de recobrar a atenção da opinião pública e reinjetar forças nos integrantes do movimento.
"Será uma demonstração pacífica contra o sistema político corrupto, enfocada em impulsionar o sucesso do movimento, orientando o debate político nos fatos reais que importam às pessoas", indicou a página de internet OccupyYourCongress.info.
"Não daremos muitos detalhes com respeito às atividades. Já contamos com as permissões necessárias. Não sabemos ainda quanta gente chegará a Washington, mas esperamos que sejam milhares", explicou Kasey, uma ativista que preferiu ocultar seu sobrenome.
"O ato resultará em uma prova a mais da vigência e coesão dos pacifistas estadunidenses quando os principais meios de comunicação especulam em relação à sobrevivência das manifestações iniciadas o passado 17 de setembro", comentou o jornal californiano La Opinión.
"Os representantes voltam nesta terça-feira ao Capitólio para recomeçar as sessões de trabalho durante um ano eleitoral, no qual existem poucas expectativas para o avanço de qualquer ação legislativa importante", comentou ontem o diário The Washington Post. Ao mesmo tempo, os legisladores são recebidos por índices de desaprovação recorde, segundo indica uma nova pesquisa.
De 84% dos estadunidenses que criticam o trabalho do Congresso, quase dois terços disseram que o "desaprova firmemente", destacou a pesquisa conjunta do jornal e a corrente televisiva ABC News. "Tal tendência consolida um nível sem precedentes de desgosto público, a menos de 10 meses das eleições presidenciais e legislativas de novembro", destacou o jornal.
Durante os últimos meses, a população foi testemunha das disputas em ambas as câmaras congressionais que ameaçaram inclusive com um fechamento das dependências federais, devido à falta de consenso para determinar os orçamentos destes 12 meses, bem como o tema da redução de impostos.
"Com o reinício das atividades do Senado na semana próxima, o Congresso está a ponto de retomar uma série de pequenas discórdias com respeito ao pedido do presidente Barack Obama de estender ao ano inteiro a isenção de encargos para a classe trabalhadora", indicou o Times.
A maioria republicana na Câmara baixa apoiou a ampliação do recorte de impostos só por dois meses, mas condicionou seu apoio a uma cláusula que outorga à Casa Branca um prazo até 21 de fevereiro para que decida a construção do controverso oleoduto Keystone XL, do Canadá até o Golfo do México.
Analistas preveem que a anunciada negativa do governante em se pronunciar sobre o tema antes das eleições presidenciais resultará em um novo ponto de confronto entre democratas e republicanos no Congresso.
Aniversário e eleições
"Já se passaram quatro meses e seguimos aqui, embora queiram nos tirar. Mas, os objetivos que perseguimos nos mantêm unidos e com forças para seguir combatendo", afirmou nesta segunda-feira à Agência Efe Mark Bray, um dos porta-vozes do movimento Occupy Wall Street.
Desde o último mês de setembro, 2 mil protagonistas desta particular queda-de-braço contra os "excessos" das grandes corporações já passaram pelas prisões depois de confrontos com a Polícia, os quais foram marcados pela tomada da ponte do Brooklyn (em outubro) e pela desocupação do acampamento de Zuccotti (em novembro).
Quatro meses depois, as denúncias contra as desigualdades nos EUA continuam. Segundo um recente relatório do Pew Reseach Center, dois terços dos norte-americanos acreditam que a brecha entre ricos e pobres na atualidade é maior que nunca.
"Enquanto houver 1% tirando proveito e abusando do sistema, aqui estaremos os 99% para elaborar uma resposta", afirmou Bray, que ressaltou que estão seguindo a maquinaria eleitoral com receio e muita cautela.
Apesar de não apoiarem nenhum candidato, já que os manifestantes querem estar à margem do que consideram a "farsa eleitoral", muitos manifestantes reconhecem que acabarão votando em Barack Obama somente para impedir que um republicano retorne à Casa Branca.
"Nós não apoiamos nenhum político porque achamos que há outros caminhos para obter as mudanças ue buscamos", assegura Jason Amadi, outro dos organizadores do movimento Occupy Wall Street, que dverte que as reivindicações dos manifestantes serão focadas no debate público.
Neste arranque das primárias republicanas, os manifestantes devem acompanhar de perto quem será o candidato que disputará as eleições com Obama. Após ter expandido sua presença para as principais idades do país, agora os ativistas esperam seguir chamando atenção com diferentes protestos.
Algumas dessas ações possuem intenção de manter acesa a chama da "primavera árabe" e "ocupar" novos espaços, embora não descartem uma possível volta para a Praça Zuccotti, que já amanheceu sem cercas policiais na última semana.
Sobre o futuro do movimento, as respostas são difusas, porém, possuem um denominador comum: a luta vai continuar. "Nós vivemos aqui e agora", assegura Bray, enquanto Amadi diz que o importante não é que acontecerá com Occupy Wall Street, mas com o destino da humanidade.
Transformados em "Personagem do Ano" pela revista Time, os manifestantes do Occupy Wall Street resistiram ao inverno e atualmente seguem atentos à agenda pública. Segundo Bray, o Occupy Wall Street seguirá ativo.
Com agências