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Reintegração de posse no Pinheirinho deve ocorrer nesta madrugada

O helicóptero da PM sobrevoou o Clube Pinheirinho, na Zona Sul de São José dos Campos, interior de São Paulo, por volta das 16h30 desta segunda-feira (16) para arremessar panfletos às famílias que moram lá desde 2004. “Procure deixar o local antecipadamente, de maneira voluntária, evitando assim qualquer tipo de desconforto”, diz o informe assinado pelo Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar do Estado. A reintegração de posse está prevista para madrugada desta terça-feira (17).

reintegração de posse pinheirinho

Para resistir à reintegração de posse, determinada desde quarta-feira (11) pela Justiça, moradores do lugar estão se armando com o que podem: cacetetes, escudos e capacetes. Com isso, criaram uma verdadeira tropa de choque do local. Eles argumentam que não vão atacar, somente se defender, se for preciso. Muitos afirmam que só deixam o local morto.

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Um policial que não se identificou confirmou, por telefone, a panfletagem realizada hoje. No entanto, o Comando da área não confirmou a data para a reintegração de posse. Movimentos sociais da região do Vale do Paraíba alertam para um possível massacre que pode acontecer durante a reintegração.

Na área de 1.382.000 m², pertence à massa falida da empresa Selecta, do mega especulador Naji Nahas, há em torno de 1.600 casas construídas que abrigam cerca 10 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças. A empresa deveria aproximadamente R$ 15 milhões ao município, que teria a possibilidade de adquirir o lugar. O governo federal sinalizou a intenção de comprar o terreno para garantir a moradia das famílias, mas a maior barreira tem sido imposta pela Prefeitura – de Eduardo Cury, do PSDB.

Ainda de acordo com o panfleto, “a reintegração da área é uma decisão da Justiça e deverá ser cumprida em breve”. Além disso, afirma que a Polícia Militar não deseja que haja enfrentamento. No entanto, frisa que a colaboração dos moradores "… é muito importante para que sua família e seus bens estejam protegidos e em segurança."

A informação sobre a panfletagem foi dada pelo jornalista Rodrigo Correa, do Sindicado dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SindMetal SJC), que está acampado na área, acompanhando a mobilização dos moradores. O panfleto pode ser conferido no blog http://solidariedadepinheirinho.blogspot.com.

“Nós não vamos recuar e ceder. A polícia agora está usando uma tática de guerra dos americanos (estadunidenses), de distribuir panfletos para a população sair. Fizeram isso no Iraque e agora estão fazendo aqui para nos intimidar. Eles (a prefeitura) estão tentando tirar a gente, oferecendo comida de graça pra gente, mas ninguém foi. Não tinha uma criança nossa lá. Sabe porquê? Nós não estamos passando fome e não vamos sair”, declarou Valdir Martins, o Marrom, líder da ocupação do Pinheirinho durante à tarde de hoje aos moradores que se reuniram. O clima é tenso e a expectativa dos moradores é de que a ação da Justiça, com apoio da PM, aconteça durante a madrugada desta terça-feira (17). 

Marrom se refere aos barracões construídos pela prefeitura no bairro Santa Edwiges, na zona sul da cidade, para servir de apoio à reintegração de posse no Pinheirinho para guardar materiais como colchões e móveis retirados. Moradores do Santa Edwiges protestaram contra a construção dos galpões, afirmando que o bairro, recém urbanizado, não tem estrutura para acomodá-los. Eles fizeram um bloqueio improvisado para evitar a entrada dos funcionários. A prefeitura disse que nessa área está prevista a construção de uma escola, um posto de saúde ou uma creche. Porém, não tem prazo definido para que isso ocorra.

Na sexta-feira, foi realizada uma reunião entre representantes dos governos estadual e federal, Ministério Público Estadual e representantes dos moradores que elaboraram um documento que foi entregue à prefeitura, que confirmou o recebimento e disse que vai analisar. O município afirmou, ainda, que tem capacidade para abrigar 8 mil moradores da área do Pinheirinho que venham a deixar o local.

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da redação, com agências e colaboração do Blog Solidariedade à Ocupação Pinheirinho