Hezbollah reitera caminho da unidade e resistência
Milhares de pessoas marcharam no último sábado (14) de várias regiões do Líbano para a cidade de Baalbek para comemorar o Arba'een, cerimônia religiosa dos muçulmanos xiitas, organizada pelo Hezbollah.
Publicado 15/01/2012 20:35
No final da cerimônia, que incluiu leitura de versículos do Corão, o líder Hasan Nasrallah fez um discurso em que comentou alguns eventos do quadro político local e regional.
“Hoje, vendo o que está acontecendo no mundo, vendo as ameaças que fazem os EUA, Israel e seus agentes na região, dizemos: Vocês nos ameaçam com a morte? Não tememos a morte. Alá nos honra com o martírio.”
O líder do Hezbollah continuou: “Com esse espírito nós enfrentamos vocês desde 1982… e lutamos todas as lutas e dizemos aos tiranos do mundo: Usem todos os seus poderes, façam tudo o que consigam fazer, mas vocês jamais apagarão nem nossa presença nem nossa memória nem o efeito de nossa ação. E vocês jamais conhecerão nossos limites”.
Resposta a Ban Ki-Moon
O secretário-geral do Hezbollah reiterou a adesão ao caminho da resistência armada, e repetiu que essa resistência e essas armas, além do exército e do povo, são a única garantia que há para a segurança, dignidade e estabilidade do Líbano.
“Ontem, foi uma felicidade para mim ouvir o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, dizer que está preocupado com o poder militar do Hezbollah. Digo-lhe que isso nos alegra, porque queremos, sim, que vocês, os EUA e Israel, preocupem-se mesmo, e muito. Que vocês estejam preocupados não nos preocupa. Só nos preocupa a segurança de nosso povo. Porque há resistência armada no Líbano vocês estão impedidos de ocupar ou violar a dignidade do Líbano.”
“Digo a ele e a todo o mundo que a resistência no Líbano continuará armada e aumentará seu poder, suas capacidades e prontidão. A certeza de que fizemos a escolha certa só aumenta. De nossa experiência no Líbano, na Palestina, no Iraque – em todas as regiões que conheceram e conhecem a ocupação –, nós perguntamos: Que benefício alguém obteve por confiar na Liga Árabe, nos governos árabes, na Organização da Conferência Islâmica, na Organização das Nações Unidas, no Conselho de Segurança, na União Europeia e em organizações como essas?”
E continuou: “O resultado é que a Palestina continua ocupada, mais de dez mil palestinos continuam presos em prisões israelenses, milhões de palestinos vivem exilados fora da própria terra, e Al-Quds [Jerusalém] é violada diariamente e judaicizada pelos sionistas”.
“Por outro lado, a resistência no Líbano conseguiu a libertação, como a resistência em Gaza e no Iraque”, agregou.
Diálogo Nacional
Sobre o diálogo nacional, Nasrallah assegurou que o Hezbollah está pronto para iniciar o diálogo sobre a estratégia de defesa nacional que protege o Líbano; mas rejeita qualquer diálogo sobre o desarmamento da resistência.
Segurança interna
No plano da segurança nacional, Hassan Nasrallah destacou o compromisso do Hezbollah com a paz e a estabilidade da população civil, e destacou que as diferenças políticas nesse campo não devem afetar a segurança e a paz da cidadania.
“Insisto nesse compromisso e destaco que preservar a segurança e enfrentar o crime em todas as regiões é responsabilidade do governo, do Exército e dos aparelhos de segurança”, disse.
Governo libanês
O líder do Hezbollah também se manifestou sobre a situação política interna, declarando que tem a expectativa de que o primeiro-ministro e os demais ministros empreendam grandes esforços para que o governo seja bem-sucedido.
Ele conclamou o gabinete ministerial a ser mais ativo e dar prioridade às questões que afetam os mais pobres, alertando que há grupos que não desejam que o atual governo seja bem-sucedido.
Síria
Hasan Nasrallah lembrou que o Líbano é o país mais afetado pelos acontecimentos na Síria.
“Além de nosso interesse e de nosso amor pelo povo, o Exército e o presidente da Síria, conclamamos a oposição síria, dentro e fora do país, a responder ao chamado do presidente Bashar Al-Assad para que todos se reúnam em um diálogo nacional sírio; e que todos cooperem com o presidente para implementar as reformas já anunciadas. Conclamamos todos a restaurar a paz e a estabilidade no país, a deporem armas e a buscar pelo diálogo a solução para o país.”
Lembrando algumas declarações recentes, Nasrallah alertou para o risco de algumas declarações incitarem o sectarismo na região: “Digo a todos os países que a atitude de incitar à violência pela imprensa e nas ruas é que abre o caminho para confrontos sectários. Quem esteja honestamente empenhado em manter a Síria e nossa região a salvo de guerras sectárias deve começar por mudar aquela atitude e empreender esforços para unir os árabes, em cooperação com a República Islâmica do Irã e com a Turquia, para ajudar a pôr fim à crise na Síria, em vez de se empenharem em atiçar as chamas e as tensões em toda a região.”
Explosões no Iraque
Comentando os atentados suicidas e as recentes explosões no Iraque, que mataram e feriram centenas de pessoas, Sayyed Nasrallah disse que todos devem condenar esses atos.
Conclamou “os intelectuais, políticos, partidos e movimentos libaneses, especificadamente os islâmicos, a denunciar os atentados suicidas que visam civis por diferenças ideológicas, políticas ou religiosas, seja no Iraque, no Paquistão, no Afeganistão, na Síria, na Somália ou na Nigéria, onde quer que ocorram, e visem muçulmanos ou cristãos”.
Cientista iraniano
Hassan Nasrallah afirmou que o assassinato de cientistas nucleares no Irã não conseguirá impedir que a República Islâmica prossiga na trilha do desenvolvimento científico e tecnológico.
“Assassinam os cientistas nucleares porque querem que nós, nesta parte do mundo, sejamos todos cantores, bailarinos, gente que desperdiça, sem qualquer proveito, seus dias e suas noites. Mas se produzimos aqui nossos cientistas, químicos, físicos ou médicos, e se fizermos de nós mesmos nações que produzem conhecimento – que é hoje o maior poder –, eles não aceitam e matam nossos cientistas e nossos especialistas locais”, disse Nasrallah.
Palestina
A referir-se à Palestina, o líder do Hezbollah declarou que dia após dia o povo está vendo que a resistência é a única escolha, e que os inimigos não querem que os palestinos se unam e se reconciliem, porque seu único objetivo, a meta da qual jamais desistem, é “manter-nos divididos e fragmentados.”
“Irmãos e irmãs no Líbano, Palestina, Síria, Iraque e em toda a região, nossa trilha para a glória, a dignidade, a independência, a libertação, o poder, a prosperidade e a segurança tem de ser a trilha da unidade, evitando todas as provocações e incitações à divisão e ao conflito, resolvendo as dificuldades mediante o diálogo, persistindo no espírito da livre escolha e da resistência”, disse Nasrallah.
Com agências