A urgência da luta pela paz
Nos últimos dias do ano que findou, os Estados Unidos tornaram pública a venda à Arábia Saudita de 84 aviões de combate de tipo F-15. O contrato entre Washington e Riad atinge um valor de 30 mil milhões de dólares (23,2 mil milhões de euros). Poucos dias depois, seguiu-se o anúncio do fornecimento aos Emiratos Árabes Unidos de sistemas anti-mísseis e de radar no valor de 3,48 mil milhões de dólares (2,7 milhares de euros).
*Por Rui Paz, do Portal Avante!
Publicado 12/01/2012 14:32
O prêmio Nobel da paz, Barack Obama, depois de já ter demonstrado na Líbia e no Paquistão capacidades guerreiras idênticas às do seu antecessor, o republicano George Bush, está se revelando um excelente negociante de material bélico, sobretudo em zonas explosivas onde a cada momento podem eclodir conflitos de consequências imprevisíveis. Mas, neste momento de agravamento acelerado da crise do sistema capitalista, o dirigente da maior potência imperialista mundial mostra, sobretudo, preparar-se para todo o tipo de saídas para a crise, incluindo o desencadeamento de um conflito militar generalizado.
Já no discurso sobre “a primavera árabe” (feito em 19 de maio de 2011), Obama procurara esconder os objetivos de rapina do capital monopolista norte-americano no Oriente Médio e no Norte da África através de numerosas referências à “democracia”. Nunca falou no interesse dos EUA pelo “petróleo” dos povos da região, mas na “liberdade religiosa”, no “direito a governos eleitos”, na “liberdade de opinião”, fosse em “Bagdá, Damasco, Sanaa ou Teerã”.
Obama não conseguiu explicar as razões que levaram os EUA a apoiar durante 30 anos a ditadura de Hosni Mubarak (Egito), nem nunca se referiu à situação de despotismo confessional e político dos seus aliados árabes de maior confiança, como a Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emiratos Árabes Unidos, Omã e Kuwait.
Para Washington e o seu presidente, a democracia mede-se visivelmente em barris de petróleo. Quanto mais as monarquias absolutas do Golfo colocarem o ouro negro à disposição das companhias norte-americanas, e ajudarem os EUA e o Pentágono a manter a hegemonia e o controle sobre as principais reservas energéticas mundiais, ou transformarem os respectivos estados em filiais da ExonMobil, Halliburton ou Chevron, tanto mais reinará a “democracia” e a “estabilidade” na região.
Foi com base nesta nova filosofia política que Obama apresentou no último dia 5 de Janeiro uma suposta nova doutrina militar estratégica. Alguns meios de comunicação interpretaram as declarações do presidente americano como uma redução das “despesas” e dos “meios militares”. Mas o próprio Obama explica que “de fato, o orçamento militar continuará a ser superior ao que existia no final do governo de Bush”. E acrescenta: “estou certo de que o povo americano compreenderá que podemos manter a nossa força militar e a segurança da nossa nação com um orçamento que no futuro continuará a ser superior ao conjunto dos próximos dez países” militarmente mais fortes. O ministro da Defesa, Leon Panetta, ao explicar o sentido do novo documento do Pentágono, intitulado “Manutenção do papel dirigente dos EUA – Prioridades para a política de Defesa do século XXI”, diz que a força militar marítima e aérea passará a ter o papel decisivo, com a utilização de engenhos e armas teleguiadas. Os Estados Unidos partem do princípio de que se um regime não lhes agradar, poderão passar a ter o direito de assassinar à distância os dirigentes políticos e militares que não obedeçam às suas ordens.
A urgência da luta pela paz e contra as guerras imperialistas continua a ser uma questão crucial para a humanidade e para o futuro da democracia, o poder dos povos. As mudanças de retórica e de estratégia operadas pelo imperialismo não alteram os seus objetivos de domínio nem o seu caráter criminoso, agressivo e opressor.