CNA, partido de Nelson Mandela, comemora 100 anos
Neste domingo (8), o Congresso Nacional Africano (CNA), partido de Nelson Mandela, comemora o seu centenário. Milhares de sul-africanos lotaram o estádio de Free State, na cidade de Bloemfontein. Quem foi ao estádio esperava pela presença de Mandela, mas o líder sul-africano não compareceu. Para representá-lo, membros de sua família foram à comemoração.
Publicado 08/01/2012 19:15
Outros ex-presidentes do partido também foram ao estádio. O partido está à frente do país desde 1994, após a libertação do regime do apartheid e a realização das primeiras eleições democráticas.
Esse triunfo fez possível que a 10 de maio de 1994, o líder histórico do CNA, Nelson Mandela, assumisse a presidência sul-africana, com o que se pôs fim ao segregacionista regime racista do apartheid. O CNA, que esteve no poder desde então, propugna uma política inclusiva.
À época, o partido venceu a disputa com mais de 60% dos votos de 22 milhões de eleitores. De acordo com os últimos números oficiais, a aprovação do partido segue acima dos 60% ainda hoje.
Antes de vencer as eleições de 1994, no entanto, o CNA ficou durante décadas na clandestinidade. O apoio ao partido cresceu, principalmente, entre a população nos guetos negros de grandes cidades como Johanesburgo.
Uma série de eventos será realizada ao longo deste ano. Uma tocha, levada ao estádio, viajará por todo o país e estará incluída nas demais comemorações. Por todo o mundo, chefes de Estado e partidos políticos parabenizaram o partido pelo centenário e destacaram a luta do CNA pelos direitos humanos.
O centenário do Congresso Nacional Africano (CNA) representa um grande acontecimento político, já que essa organização é símbolo da luta contra o apartheid e toda forma de opressão.
Nelson Mandela permaneceu 27 anos na prisão por defender os direitos do povo. Em 1993, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Em diversas partes da África do Sul são promovidas atividades esportivas e culturais, cerimônias religiosas tradicionais para comemorar o centenário do partido. Muitos debates e conferências foram organizados sobre a história do CNA.
Como avaliou o presidente sul-africano Jacob Zuma, a recordação dos 100 anos de fundação do partido é um fato significativo não somente para o CNA, como também para todos os ex-movimentos de libertação no continente e dos povos africanos em geral.
A história confirmou que não foram em vão os esforços e o sangue derramado por integrantes do CNA, que teve como aliado inseparável o Congresso de Sindicatos da África do Sul (Cosatu) e o Partido Comunista.
Todos unidos enfrentaram outrora o regime racista, que impôs a separação entre brancos e a maioria negra, despojou esta das melhores terras e a manteve na ignorância, sem acesso à educação. Também obrigou o negro a portar passes especiais para seu deslocamento.
O CNA, o mais antigo movimento de libertação nacional na África, sempre defendeu a prosperidade e uma vida melhor para todos os povos da região, com a erradicação da pobreza social.
Exemplo eloquente disso é que já em 1892, o presidente fundador do CNA (1912-1917), John Langalibalele Dube, chamou em sua conferência "Sobre Minha Terra Natal" à unidade dos africanos nos planos espiritual e humano, para a construção de um continente próspero.
Em 1919, um dos máximos líderes partidários do agrupamento político (1917 a 1924), Sefako Makgatho, dizia: "O CNA aponta para a união dos africanos, não somente da África do Sul, como também do Lesoto, Botsuana, Suazilândia em particular… para encabeçar a luta comum pela liberdade".
Mais adiante, em 1977, no I Congresso do Movimento Popular para a Libertação de Angola, o independentista Oliver Tambo ao expor sobre a futura política exterior sul-africana enfatizou a necessidade de fortalecer a solidariedade internacional na era pós-apartheid.
“Tentaremos viver em paz com os vizinhos e povos do mundo em condições de igualdade, respeito mútuo e vantagens recíprocas”, dizia Tambo, que dirigiu o CNA de 1967 a 1991.
Ao render homenagem aos combatentes sul-africanos, numa recente mensagem, o secretário-geral do CNA, Gwede Mantashe, considerou que nestes 100 anos de história não devem ser esquecidas as memórias de luta, dor, resistência e fatos heroicos. A memória, disse, é nossa arma.
Também demandou manter os valores, princípios e tradições que animaram o movimento, o qual se renova como partido na África do Sul atual.
Hoje, o CNA, ao lado da Cosatu e do Partido Comunista, esforça-se, em meio a grandes dificuldades, para construir uma sociedade democrática com justiça social, com melhorias na educação e a luta contra a pobreza, o atraso e o subdesenvolvimento.
Com agências