Arábia Saudita: lojas de lingerie só poderão contratar mulheres
Norma é alvo de críticas dos mais conservadores e religiosos do país
Publicado 03/01/2012 12:45
Mesmo com a desaprovação da cúpula religiosa do país, a Arábia Saudita determinou na segunda-feira (02/01) que reforçará a lei que obriga lojas de lingerie e cosméticos a contratarem apenas mulheres. A medida surge como resultado de um boicote das consumidoras sauditas, que se dizem insatisfeitas em terem que ser atendidas apenas por homens nesse tipo de estabelecimento.
A norma já existia desde 2006, mas nunca havia sido plenamente praticada, pois os mais conservadores e religiosos opõem-se à presença de funcionárias em ambientes frequentados pelos dois sexos.
A medida entra em vigor a partir de hoje (03) embora já se veja mais mulheres trabalhando no comércio ao longo das últimas semanas. O Ministério do Trabalho da Arábia Saudita reconhece que vários homens perderão seus postos, mas lembra que cerca de 28 mil mulheres, principalmente imigrantes do sudeste asiático, estão na fila de espera para suprir as vagas.
O ministro foi severamente criticado em um breve sermão do líder religioso do país, Sheik Abdul-Aziz al Sheikh. Em sua fala, o clérigo argumenta que “a contratação de mulheres em lojas que vendem peças femininas, bem como o fato de mulheres colocarem-se face a face com homens enquanto vendem algo, sem que haja modéstia ou vergonha, pode levar a atitudes ruins, cujo fardo recairá sobre os proprietários dos estabelecimentos”.
Homens e mulheres permanecem fortemente segregados na Arábia Saudita, embora a presença do sexo feminino já seja marcante em postos de alta competência técnica. O país, por exemplo, garante às mulheres o direito de voto, mas, por outro lado, proíbe que elas dirijam automóveis.
Há, também, a chamada Polícia Religiosa do Reino, responsável for reforçar os valores islâmicos na população. O organismo é comandado pela Comissão de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, um forte defensor da rígida interpretação do Islã e que, portanto, proíbe homens e mulheres desconhecidos entre si de estabelecerem qualquer tipo de relação.