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Egípcios marcham para ''recuperar honra'' e repudiar repressão

Milhares de egípcios responderam nesta sexta-feira (23) ao chamado de cerca de vinte de organizações políticas para "recuperar a honra" e exigir a renúncia da Junta Militar, responsabilizada pela morte violenta de pelo menos 16 manifestantes.

Na "sexta-feira para recuperar a honra", como chamaram o dia, manifestantes foram para três lugares do Cairo. Além de cidadãos comuns, participaram também membros de partidos políticos e movimentos sociais opostos ao governo "pseudo-civil" que encabeça o premiê Kamal Ganzouri.

A emblemática Praça Tahrir, a mesquita Ajar, símbolo do Islã sunita no mundo muçulmano, e outra ampla região central acolheram islamistas, mulheres e pessoas de diferentes credos e correntes políticas unidas pela rejeição à cúpula militar.

A marcha também exige que o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) transfira de imediato o poder às autoridades civis, antecipe a data das eleições presidenciais e julgue os responsáveis pela repressão contra ativistas.

Segundo reportou na quinta-feira (22) o ministro egípcio de Saúde, Adel Adawy, os confrontos da semana passada deixaram um saldo de pelo menos 16 pessoas mortas e 928 feridas.

A Associação Nacional pela Mudança, liderada pelo Nobel da Paz Mohamed el-Baradei, conclamou em um comunicado a todos os egípcios a marchar pacificamente em nome da dignidade, uma iniciativa imitada por agrupamentos de jovens que provocaram a queda de Hosni Mubarak.

Tanto no Cairo, em Alexandria e outras cidades do interior uniram-se milhares de mulheres nesta semana em repúdio aos abusos sofridos por seus companheiros durante os choques de meados de mês.

"Abaixo o governo militar, os militares são mentirosos e cortaremos suas mãos", foi uma dos lemas repetidos nesta sexta, à medida que a praça se enchia, enquanto a capital voltou a ficar dividida com demonstrações no distrito de Abbaseyah a favor dos militares.

Os opositores na praça Tahrir ressaltaram o papel das mulheres na chamada "Revolução de 25 de janeiro", apesar de que seus direitos foram ignorados, e enfatizaram a realização de atos para repudiar "o brutal delito cometido contra as mulheres mais nobres do Egito".

Ademais, lembraram à Junta Militar que o slogan "levanta tua cabeça, és egípcio" criado em janeiro passado pelo movimento juvenil "não tolerará que nenhum cidadão volte a ser insultado".

O tributo aos mortos pela violência governamental, qualificados de "mártires", contrastou com as acusações de "traidores" proferidas por simpatizantes do CSFA de Abbaseyah.

Fonte: Prensa Latina