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Senado homenageia Paulo Fonteles pela defesa da reforma agrária

Seis brasileiros foram homenageados pelo Senado com a comenda Dom Helder Câmara, esta semana, em reconhecimento a contribuição que deram à luta em prol dos direitos humanos no Brasil. Entre os agraciados está Paulo César Fonteles de Lima, em memória. Paulo Fonteles Filho, que recebeu a comenda, estendeu a homenagem aos mais de dois mil camponeses e camponesas que, como o pai dele, foram assassinados no Pará, nos últimos 30 anos, “na luta pela civilizatória bandeira da reforma agrária”.

E citou nominalmente “João Canuto de Oliveira, João Batista, Expedito Ribeiro de Souza, Padre Josimo, Nativo Natividade, trabalhadores e trabalhadoras que tombaram no Estado do Pará na luta pela terra”.

Em seu discurso de agradecimento, Paulo Fonteles Filho destacou que “ano que vem meu pai completará 25 anos de morto; como muitos outros, os seus assassinos, os mandantes ligados à famigerada União Democrática Ruralista, ao grande latifúndio sequer foram julgados. Então, nesse sentido, é que eu faço essa lembrança, que é fundamental lutar contra a impunidade do nosso País, lutar pela reforma agrária, lutar contra o trabalho escravo e fazer com o Brasil possa ser um País melhor para seus filhos, para suas filhas, particularmente para aqueles que não nasceram em berço esplêndido”.

Ele agradeceu a homenagem, que estendeu “à memória daqueles que lutaram, de forma intransigente, pelas liberdades públicas, pela democracia, pelos direitos humanos, pela reforma agrária e pelo socialismo”. E finalizou citando a poetisa Cecília Meireles: “Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes”.

Outros agraciados

Os outros agraciados foram o cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro; Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH); Dom Marcelo Pinto Carvalheira, arcebispo emérito da Paraíba; Dom Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás; e o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Presidente do Conselho da Comenda de Direitos Humanos, a senadora Ana Rita (PT-ES), disse que “cada um a seu modo, com as peculiaridades que caracterizam a vida de cada pessoa, todos fizeram por merecer a homenagem que ora lhes prestamos. Todos eles construíram uma história da qual podem se orgulhar. São indivíduos que souberam, como poucos, vivenciar a excelsa experiência da contínua doação, da entrega desinteressada ao próximo, como autênticos instrumentos da justiça e mensageiros da paz”, disse a senadora.

Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que os homenageados com essa comenda dão não só o exemplo, mas oferecem luzes ao país. Ele disse estar em Plenário não como um senador, mas como um jovem que se beneficiou dessas luzes e, assim, encontrou ideais a seguir na vida.

A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) se disse honrada por poder partilhar, com esses agraciados, um momento que é simbólico na revelação de que "o Senado não está aqui apenas para valorizar os interesses das elites, mas para atuar em favor dos que lutam contra violações dos direitos humanos".

De Brasília
Márcia Xavier