Chico Lopes: “2012 será de grandes e importantes desafios”
Nesta semana, o Vermelho/CE publicará uma séria de matérias com os parlamentares comunistas cearenses sobre as expectativas para 2012. Nosso primeiro entrevistado é o deputado federal Chico Lopes.
Publicado 14/12/2011 12:53 | Editado 04/03/2020 16:30
O parlamentar faz um balanço do primeiro ano de seu segundo mandato de deputado federal e também adianta perspectivas e planos para 2012. Leia a seguir a íntegra da entrevista:
Qual a avaliação do primeiro ano deste novo Mandato?
Em 2011 foi possível trabalhar melhor no mundo que é a Câmara Federal, onde são decididos os grandes temas do desenvolvimento do Brasil, com a nossa missão de representar o povo. Foi um ano de muito trabalho. E muito compensador, pelas conquistas na educação, na defesa dos trabalhadores, nos recursos para a saúde, nos direitos do consumidor, no desenvolvimento do Ceará e do Brasil.
O senhor acaba de ser indicado para compor a Comissão Especial dos Royalties do Petróleo. De que modo o Ceará e o Brasil serão beneficiados com essa riqueza?
A natureza está nos oferecendo o pré-sal, como uma fonte de recursos capaz de colocar o Brasil em um novo patamar. Isso deve ser motivo de união nacional, não de divisão. Defendo a justiça na distribuição desses recursos. Trabalharemos para que todo o País seja contemplado, incluindo o Ceará e o Nordeste, que têm tudo para viver uma nova etapa de desenvolvimento.
Na defesa do consumidor, o Mandato trabalhou em várias frentes, mas duas campanhas tiveram destaque. Como o senhor avalia a campanha “Fim do Roaming”?
A campanha tomou uma dimensão muito grande, ao longo do ano. Além de apresentar um projeto de lei proibindo a cobrança, levamos o caso à ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) e obtivemos apoio, com uma nota técnica indicando o fim do roaming e com o anúncio de um estudo para acabar com o roaming entre estados de uma mesma região. No Ceará, por exemplo, obtivemos da ANATEL o compromisso de estudar o fim do roaming entre as regiões de código de área 85 e 88. A campanha vem tendo uma aceitação extraordinária. Seguiremos puxando essa mobilização, para que no ano que vem possamos presentear os consumidores com essa grande vitória.
E quanto à campanha pelo preço justo da energia elétrica e pelo ressarcimento dos R$ 8 bilhões cobrados indevidamente dos consumidores de energia?
Eu e o deputado estadual Lula Morais (PCdoB) continuamos com um processo na Justiça Federal, cobrando a devolução desse dinheiro. Houve, comprovadamente, lucros excessivos e indevidos por parte das distribuidoras, com um imenso prejuízo aos consumidores. Continuaremos na campanha em 2012, defendendo o direito do consumidor a energia a preço justo.
A maior marca da sua história como parlamentar é a luta em defesa da educação. Quais os destaques desse trabalho em 2011?
Este ano foi muito marcado pela discussão sobre o novo Plano Nacional de Educação, que define as metas e as diretrizes para o setor, para toda esta década. Fizemos várias audiências no Ceará, em parceria com a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, o que foi muito positivo para trazer os professores e chamar a atenção da sociedade como um todo para esse debate. Estamos trabalhando para garantir que o PNE sedimente conquistas importantes dos professores, como o direito a um terço da carga horária para atividades extra-sala, além de aumentar ao máximo o percentual do PIB a ser investido em educação, para garantir avanços reais. Também continuamos com o Fórum de Educação do Ceará e apoiamos os professores de Fortaleza e do Estado nos seus movimentos grevistas, ajudando na interlocução com a Prefeitura e o Governo.
Como o senhor avalia o primeiro ano do Governo Dilma?
Foi um ano importante para o Brasil, pela primeira vez com uma mulher no cargo de Presidente da República. Mas, ao mesmo tempo, é preciso ter algumas definições mais concretas: qual é mesmo a linha econômica que o governo defende? Precisamos de mais ousadia na redução dos juros. O PCdoB continua levantando essa bandeira.
O discurso da crise econômica internacional e do medo de suas consequências sobre o Brasil cresceu neste final de ano. O Brasil tem motivos para se preocupar quanto a 2012?
A crise econômica mundial deve motivar um esforço do governo brasileiro para avançar no fomento à produção, na queda dos juros, no estímulo à geração de emprego e renda, como o PCdoB sempre defendeu. O discurso da crise não pode ser usado para frear o desenvolvimento, elevar os juros, sob o pretexto da inflação. O Brasil quer e precisa de mais empregos, mais trabalho. É o mercado interno que vem protegendo o Brasil das crises internacionais.
E quanto a Fortaleza e ao Ceará: quais as perspectivas para 2012?
Vai ser um ano muito rico. 2012 será de grandes e importantes desafios. Temos a responsabilidade de preparar a cidade para um evento que atrairá os olhos do mundo para Fortaleza, que é a Copa do Mundo de 2014. Enquanto isso, temos sérios problemas, muitos advindos do desequilíbrio social, da desigualdade, dos grandes conglomerados urbanos. Problemas graves, como estrangulamento do trânsito, uma difícil mobilidade. Mas outros são problemas de gestão, quanto à qualidade da saúde, da educação, políticas públicas que são de obrigação do Município. Uma cidade que conta com o apoio dos 22 deputados federais, dos três senadores, do Governo do Estado e da Presidência da República tem tudo para avançar mais. O povo de Fortaleza merece mais, merece uma cidade melhor, mais humanizada, mais acessível, mais comprometida com sua gente. Esse é um grande desafio. E, como o PCdoB gosta de desafios, vamos ter candidatos, em vários municípios do Estado, inclusive Fortaleza. Não para ser contra nenhum partido, mas para ser a favor da cidade. Queremos discutir com o povo o que ele acha melhor pra nossa cidade.
Fonte: Assessoria do Deputado Federal Chico Lopes (PCdoB/CE)