China e EUA mantêm conversações sobre Defesa apesar de atritos
Oficiais de alta patente da China e dos Estados Unidos reuniram-se nesta quarta-feira (8), em Pequim, no quadro das consultas anuais que realizam no âmbito da Defesa a sua fala de defesa. O encontro ocorreu a despeito das divergências e atritos entre as duas partes, principalmente em torno das vendas de armas dos EUA a Taiwan.
Publicado 08/12/2011 08:56
"O fato de que as consultas ocorreram como previsto, mostra que ambos os países estão sendo sinceros sobre a manutenção de intercâmbios na área militar", disse Ma Xiaotian, vice-chefe do Estado Maior do Exército Popular de Libertação da China.
O encontro foi o primeiro entre as duas partes desde que os EUA anunciaram em setembro último uma venda de armas a Taiwan no valor de 5,85 bilhões de dólares, incluindo upgrades para 145 jatos de combate de Taiwan.
Depois disso, Pequim atrasou alguns intercâmbios na área militar anterioremente agendados com os EUA, como uma visita à China pelo almirante Robert Willard, chefe do Comando do Pacífico dos EUA, e os exercícios militares conjuntos anti-pirataria.
Na semana passada, um porta-voz militar chinês criticou o plano de Washington para reforçar sua presença militar na Austrália como "pensamento da Guerra Fria", que vai desestabilizar a região Ásia-Pacífico.
"Esperamos que ambos os lados irão fazer o melhor nesta oportunidade para expandir as bases comuns, manter os riscos sob controle e evitar erros de julgamento", disse Ma.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hong Lei, disse no mesmo dia em uma entrevista coletiva que a política de defesa da China não deve ser motivo de alarme.
"A China do começo ao fim prossegue uma política militar de defesa nacional, e percorre o caminho do desenvolvimento pacífico", disse Hong.
"O desenvolvimento da China tem dado aos países do mundo uma oportunidade importante. Não representou nem representa um perigo para qualquer país."
A agência noticiosa Nova China informou que os temas em discussão na reunião de consultas incluíram as relações militares bilaterais e as vendas de armas dos EUA para Taiwan, bem como pirataria, e as situações na Península Coreana, Mar da China Meridional, Oriente Médio, Norte da África , Paquistão e Afeganistão.
A delegação estadunidense foi composta por cerca de 20 representantes do Departamento de Defesa dos EUA, Departamento de Estado, Estado-Maior Conjunto, Comando do Pacífico, Marinha e Força Aérea.
Yuan Peng, diretor do Centro de Estudos Americanos do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, disse que a decisão de Pequim de manter as consultas sobre Defesa conforme o programado foi baseada em uma compreensão quanto ao amadurecimento das relações entre Pequim e Washington.
"À medida que as relações bilaterais são desafiadas sobre diversas questões econômicas, como a taxa de câmbio do iuan, os laços militares vêm à tona, para equilibrar a relação. Agora, as consultas sobre Defesa não apenas servem como um diálogo nesse âmbito, mas também ajudam a estabilizar as relações entre o dois países ", disse Yuan.
A decisão de vender armas a Taiwan não do Pentágono, mas do Departamento de Estado, acrescentou. "É realmente um problema diplomático."
O fato de que a delegação dos EUA inclui funcionários do Departamento de Estado mostra que Washington também não se limita a considerar as consultas sobre Defesa como conversações militares, disse Yuan.
"Ninguém quer um conflito, e os EUA não podem enfrentar um conflito com a China agora", disse ele.
As consultas sobre Defesa, criadas em 1997, são o diálogo de mais alto nível bilateral no âmbito militar.
Com agências