Caio Botelho: Democracia no Tricolor Baiano
Finalmente a justiça está começando a ser feita. Uma liminar expedida pelo juiz Paulo Albiani interrompeu as fraudulentas eleições para a diretoria do Esporte Clube Bahia no início da tarde de quarta-feria (7), destituiu Marcelo Guimarães Filho (MGF), Ruy Accioly, e retirou do Conselho Deliberativo os seus poderes.
Por Caio Botelho*
Publicado 08/12/2011 14:45
O interventor nomeado, Dr. Carlos Rátis, que conheço bem, é um homem sério e terá condições de conduzir as próximas eleições para o Conselho, além de evitar que o Bahia "pare" em um momento tão importante.
O mais importante é deixar claro que o Bahia não pode mais ser tratado como quintal da casa de MGF e como palanque para ele e seu pai alçarem cargos eletivos. Ele, que prometeu realizar eleições diretas – como é o desejo de todo torcedor tricolor – não cumpriu com a sua palavra. Nos seus três anos de gestão, o tricolor não conquistou nenhum título e, nesse ano, ficou em terceiro lugar no Campeonato Baiano, foi eliminado da Copa do Brasil após uma goleada por 5 a 0 e escapou do rebaixamento na penúltima rodada.
Para nãolembrar da contratação de Paulo Carneiro. Aliás, o Bahia de hoje fez uma série de contratações caras e que não renderam o esperado (ou alguém acha que Calos Alberto paga o salário que recebe?).
A gestão de Marcelinho, que só em bilheteria no Campeonato Brasileiro arrecadou R$ 10 milhões (pra não falar em patrocínios, cotas de televisão, vendas de produtos, etc), não presta contas das finanças do clube, e ninguém sabe como ele e o poderoso chefão Paulo Angioni gastam esse dinheiro. Alguns ainda dizem: mas foi Marcelinho quem subiu o Bahia! Ora, foi o modelo de gestão medieval que Marcelinho representa que afastou o Esquadrão por sete anos da elite do futebol!
Não há diferenças entre ele e Petrônio, entre ele e seu pai, Marcelo Guimarães, entre ele e Pithon. São todos farinha do mesmo saco e representam o mesmo jeito paternalista e truculento de dirigir um clube de massas.
Quem trouxe o Bahia de volta para a 1ª Divisão foi a tradição do Esquadrão e, principalmente, a sua imensa torcida, que nunca abandonou o seu time de coração e sempre lotou os estádios, cantando e empurrando nosso tricolor rumo à dias melhores, e não dirigentes incompetentes que não honram as duas estrelas que carregamos em nosso peito.
Outros também falam: tudo bem, mas a oposição devia ter montado uma chapa e disputado no voto! Como? Eles sequer publicam a relação de membros do Conselho Deliberativo do clube! A oposição vai pedir voto pra quem, se não sabe quem vota? Além do mais, de modo arbitrário eles mudam o Conselho sem mais nem menos: no final do ano passado substituíram em uma canetada só 58 conselheiros de um total de 324 (!). Assim fica fácil ganhar eleição.
Por isso, inscrever chapa nessas condições seria legitimar um processo eleitoral ilegítimo. Mas devolvo o desafio: se Marcelinho tem tanta certeza de que tem o apoio da maioria da torcida, então porque não convoca eleições diretas e vem disputar essa eleição no voto? Mas não no voto de poucas cabelas escolhidas por ele, mas sim pelas dezenas de milhares de sócios que o Bahia tem potencial de possuir. Tem medo de quê, MGF?
Não acho que a via judicial é a mais adequada para resolver disputas internas. Mas se tem algum culpado disso é Marcelo Guimarães Filho. Bastava ter cumprido o que prometeu que, além de tudo isso ser evitado ele ainda entraria para a história como o homem que democratizou o Bahia – provavelmente contaria até com o meu voto.
Mas fez o oposto e por isso conta com a minha oposição. Defendo um Bahia forte, e por isso apoio a Revolução Tricolor, a Associação Bahia Livre e o Movimento Unidade Tricolor, que há anos tem feito oposição ao clã Guimarães (sem se omitir de apresentar propostas e sugestões).
Também é bem capaz que essa liminar seja derrubada e Marcelinho volte ao poder: infelizmente a nossa justiça serve, antes de tudo, a quem tem dinheiro. Mas só pelo fato de que hoje eu vou encostar a minha cabeça no travesseiro sabendo que esses caras não mandam no Bahia, podendo chamar MGF de ex-presidente e, principalmente, com a certeza de que a oposição sai fortalecida desse processo já é uma grande conquista.
E na semana em que o futebol brasileiro perdeu o grande Sócrates, o inventor da Democracia Corintiana, bem que poderíamos homenageá-lo criando a Democracia Tricolor. Essa não é uma disputa pra ver quem é mais ou menos torcedor do Bahia. A única coisa que todos nós queremos é devolver o Bahia à sua nação de 8 milhões de apaixonados. Queremos participar e decidir os rumos de nosso clube de coração. Queremos eleições diretas. Queremos Democracia! Fora Marcelo Guimarães!!!
Caio Botelho é estudante de Direito, sócio e torcedor do Esporte Clube Bahia