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Governo quer enfrentar crack com cuidado, repressão e prevenção

Com cuidado, autoridade e prevenção, o governo federal espera vencer a epidemia do crack no Brasil. Os discursos, no lançamento, nesta quarta-feira (7) em Brasília, do conjunto de ações para o enfrentamento ao crack e outras drogas e a campanha “Crack, é possível vencer”, destacaram a integração de ações e dos entes federativos – municípios, estados e União. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comparou o combate ao crack ao que ocorreu na década de 1980 com a aids.

Governo quer enfrentar crack com cuidado, repressão e prevenção - Presidência da República

A presidente da República, Dilma Rousseff, falou após os dois longos discursos dos ministros da Saúde e da Justiça, José Eduardo Cardozo. A presidente iniciou sua fala dizendo que sabe estar diante de “grande desafio”. “Os três verbos implicam em ações – cuidar, prevenir e reprimir, que dizem precisamente o que pretendemos fazer.”

Ela lembrou que não existe um programa definitivo contra as drogas para afastá-la completa e totalmente. “O que fazemos aqui hoje é um pacto sobre uma atuação conjunta dos poderes públicos – União, estados e municípios –, com todos os níveis da sociedade, e perceber que para o enfrentamento temos que ter cabeça aberta e aceitar todas as iniciativas tomadas pela sociedade, cada uma de acordo com sua responsabilidade e competência”, afirmou.

A presidente Dilma confirmou a fala dos ministros, destacando os três eixos de atuação: cuidado, de atendimento ao dependente químico e seus familiares, autoridade, de combate ao tráfico de drogas; e prevenção.

Ação de todos

O primeiro inclui ampliação e qualificação da rede de atenção à saúde voltada aos usuários, com criação da rede de atendimento Conte com a Gente. No eixo autoridade, o foco é a integração de inteligência e cooperação entre Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais, a realização de policiamento ostensivo nos pontos de uso de drogas nas cidades, além da revitalização desses espaços. Já o eixo prevenção prevê ações nas escolas, nas comunidades e de comunicação com a população.

As ações articuladas entre governo federal, estados, Distrito Federal e municípios, terão também a participação da sociedade civil.

“Nos 365 dias por ano, 24 horas por dia e sem nenhuma vacilação vamos combater esse processo que instaura violência e destrói famílias, porque é fundamental para sermos país desenvolvido, garantir a filosofia de ‘vida, sim; drogas, não’, e assumir como um compromisso de cada um de nós e do meu governo”, enfatizou a presidente.

A solenidade foi aberta com apresentação de vídeo com depoimentos de uma professora, um policial e uma liderança comunitária, explicando as políticas públicas. No vídeo, foi mostrado que quando uma pessoa se torna dependente de droga, não impacta só sua vida, mas a da família, parentes, amigos e também o país.

“É possível superar o crack, mas é preciso antes vencer o preconceito e acolher o viciado. E orientar o cidadão com ações preventivas e informações”, anuncia o vídeo à plateia que lotou o salão do Palácio do Planalto, entre autoridades e lideranças da área de saúde, educação e segurança. “O problema é de todos nós”, alerta a apresentação no final.

Foco no cuidado

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez um longo discurso detalhando o plano de atendimento médico e social dos usuários de droga e seus familiares. E destacou, em sua fala, que o “cuidado” será centro do plano. “Teremos um rede de serviço que respeite os direitos humanos e tenha compromisso com essas pessoas, não tratar só a fisiologia das drogas, mas ajudar a pessoa a reconstruir projeto de vida.”

“Equipamentos, leitos, parceria são importantes, mas a alma do cuidado à saúde são as pessoas, que buscam ajudar a reconstruir projetos de vida e relacionamento com a família e a comunidade”, enfatizou Padilha.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, se deteve nas explicações sobre as ações de autoridade e prevenção. Ele alertou que não poderia fornecer todos os dados, que são obviamente estratégicos para combater o crime organizado. A exemplo do ministro Padilha, o ministro da Justiça falou sobre a importância da integração de políticas públicas e federativa entre municípios, estados e União. “Temos divergências e disputas, mas o interesse público deve prevalecer”, destacou.

O governador da Bahia, Jacques Wagner, falou em nome dos governadores, destacando que se vive uma situação árida, não apenas no Brasil, mas no mundo, onde ter é mais importante que ser. Segundo ele, a raiz fundamental dos problemas da humanidade é a “patrimonialização” da vida, onde a roupa bonita esconde a alma feia. Questão complexa, mas reconhece que a inclusão social, garantida pelos programas Brasil Sem Miséria e Brasil Maior, mas pega o touro pelo chifre, porque a inclusão social não é suficiente para evitar o aumento do consumo de drogas.

De Brasília
Márcia Xavier